quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Poema do Dia do Aniversário (19.08.52)





Poema do Dia do Aniversário (19.08.52)

“O homem sofre por viver na solidão,
impotente diante dos obstáculos,
condenado à espera inútil e aos
desejos eternamente insatisfeitos.
Nenhuma magia o liberta de seu
destino trágico(...)” Ivan Marques


Faço anos, como quem morre.
Uma pessoa como eu, não faz anos, dura.
Fui feito de sangue, suor e lágrimas
E assim vou me levando, sem lenço e sem documento.

O dia do aniversário da gente
É o dia mais triste do mundo
Deixamos a seguridade do planeta placenta
E viemos dar no inferno da terra, a escória do espaço.

Longe de Itararé, da casa da mãe
O mundo é cainho, uma mixórdia
Tento sobreviver nem querendo parecer humano
E me fujo na poesia, no escrever diários de abordagens.

O dia do nascimento de uma pessoa triste
É como o dia de sua morte, no devir
Nada antes, nada depois, somos o nada
E escrever sobre a espécie é aprimorar técnicas de vôos.

Agosto é um mês de lunáticos e lobos
E sendo eu um poeta que perdeu a infância
Corro-me criança por aí a escrever matizes
Tentando na poesia ter um mundo imaginário, além-luz

Faço aniversário como quem morre, como quem sobrevive a vegetar
Longe de casa, longe da mãe, de Itararé, de mim; do meu próprio estar
O que eu sou é meio lobo, meio criança, meio terráqueo a se procurar
Apontando para uma ilha no céu e pedindo resgate, socorro, Lar.
-0-

Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.br/silas.htm
Poema da Série “Na Casa do Pai Há Muitas Geladas”

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