terça-feira, 26 de agosto de 2008

Chuvas, Poema




CHUVAS (Poema de Silas Correa Leite)


Algumas vezes existi./Algumas vezes tomei chuva./Mas quando tomei chuva eu me senti um átomo da água e ali/Fui rio, nuvem, relâmpago, açude, cisterna, foz e quase voei./Porque tomar chuva é integrar-se à natureza, ser parte dela/Conjugar o verbo haver no sentido mais pleno de seu assento/Eu a chuva - e até algumas lágrimas de alegria, êxtase e contentamento/Como se a minha alma-árvore se lavasse por dentro.../E fui chuva e guri e mar e senti minha alma flutuar numa nuvem-nau/Porque eu era a maravilhosa Chuva naquele bendito magno momento/Então a chuva me reconhecendo como parte dela (que o meu espírito o é)/Parou de ser peneiradinha naquele tardiscar cor de rosa-pitanga em Itararé/E o lírio-laranja do sol se abriu de novo e eu me vi ali/No fio-terra, o guri/Angelicalmente de alma lavada/Pronto para enfrentar a cara amarrada/Da vida distante que em busca de mim mesmo a peregrinar escolhi.

(Silas Correa Leite)

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