terça-feira, 11 de outubro de 2011

Errações, de Silas Correa Leite, autor do Romance DESJARDIM


















ERRAÇÕES (Auto-Retrato Testamental)





Breve e agudo, epigramático, irônico, cara e coragem verbalizando

Esperança-utopia sempre – um outro mundo (as letras! as letras!)

Idílios pastoris, epifanias, e cortes na própria carne. Ai de mim!

Corte seco na linguagem espandongada, verve satírica, contundente

Resíduo cru da Geração 45 ainda (misticismo poético), nos Anos 60

Condensações – essências e medulas – eis o estilo quando não desenfreado

Às vezes a metralhadora dialética – sai de baixo; os vazamentos gerais

Às vezes o paradoxal, enxuto, anti-retórico – os versos – e os véus

Haiquases, microcontos, twitter-poemas, alma-olaria – a alma-nau

A palo seco vez em quando (vice-versos) – rigor concreto (neoconcreto)

Lucidez verbal; jorro neural - polaridades – chorumes em verso e prosa

Visibilidades, pertencimentos – humanismo de resultados, goya-marx

Remontagens de vocábulos – pensadilhos, trilhas, urbes, hangares, o caos

Jogam-se palavras no macadame das idéias, mixórdias, consertos críticos

Paródias, refabulações, letras de rocks e blues, hinos, louvações gerais

Desmontagens de palavras, parágrafos, trocadilhos, kamikazes urdidos

Ideologia-guaraná, signo não verbal, vanguarda, e-book, morte à matéria

Ficção-angústia: e chistes espirituosos, cracas, contentezas, barulhanças...

Volúpia, paixão de escreviver: estrelamentos, ilhamentos-crusoés na web

Prazer lúdico: jogo palavreal – o avesso do haver-se (palavras cruzadas)

Neologismos-chistes: salmos contemporâneos, existir dói o sobreviver

Romance com loucura-lucidez, vários finais, técnicas de lesmo com asas

Contraposições – desvairados inutensilios, bem-te-vi, bem-te-ri, aleluias

Significados e metalinguagens: metáforas etílicas, carpideiro cervejólogo

O que o poeta no fundo é? Errações & erranças – sal da terra oxidado

O inconsciente: clarificações – campo de trigo com corvos – porta-lapsos

O sentido de sobreviver, o retiro letral: ensaios-estúdios, homem-cerveja

Ensaísta de ocasião, resenhista e outros istmos. Ilhações-cibalenas: diques

Rações de subvida: existencialismo com placas de capturas: range a rede

Santa Itararé das Letras, Cidade poema, terra-mãe, auto-exilio íntimo

O pântano da condição humana - desterro de pasárgada: shangri-lá...

Sagrado coração de ser-se: inventário de partilhas, testamento-vazão

Escrever é éter, é ter, é ter-ser(se): código de barros macunaímicos

Épico-cético: o cínico estado mínimo, ai de ti neoliberalismo-câncer

O antivida: exílio literário, ócios do oficio nas enlivrações-bastilhas

Lacônico ou exagerado: complexo, obstinado, transliterário-purgação

Abismal subjetivo, declínio e levitação, aqui jazz o que se escreveu pra ser

Itararé-mãe: o neomaldito - fuga do ser de si em verbos-cálices, fermentos

O poeta finge a dor: solidão-coivara, solidão-albatroz, surrealismo ópio

A provinciana metrópole: Samparaguai, roubismo desde os bandeirantes

Neo século: ansiedade, Rosangela musa-vítima: salvação da lavoura

Onírico: fantasmas, fantasias e espiritualidades – consciência-remorso

Sacrifício, fome, dormir na rua, máscaras mortuárias, escombros de ler

Poemetos-feições. Prêmios, midia, tv – escrever é fuga do não se achar

Prosa cênica: Provocações (Pan-Abujamra), tudo a ler. Escrita catarse

O grotesco, a sozinhez da alma – geração teflon em infovias efêmeras

Vestígios de ausências. Guardados incontidos, poesilhas e entretextos

Não necessariamente nessa ordem o testamento letral do inferno agosto

Surrealismo, realismo fantástico, meio século-banzo: inquietudes.

Neruda-Lorca-Whitman-Rilke-Maiakovski-Jorge de Lima, Lispector

Alma-vida insana, precariedades, olhar-furacão, tez chão, ultrapássaro

Luz sobre as trevas: eu estive lá-aqui-mesmo: condenação a viver é isso

Escrever cetras e carbonos, vagações e poemas, contos, nas errações

Dei testemunho de mim escrevendo. Corto os pulsos com poemas, singro

A literatura como tábua de carne da vida. Condenaram-me a sobreviver

Destilo prosas e versos, pastoreio poemas, delato, testemunho, assino só

A passagem pela vida como se arrastasse a dor, a tristeza e a solidão

Escrever válvula de escape: A vida é um erro? Fermento odes-errações

Na tábua de carne da vida, onde me sirvo em penúria do existencialismo

Possível; quase cárcere de tentativa. Olhando os martírios das lavrações!

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Silas Correa Leite – Augusta Sampa/Santa Itararé das letras

E-mail: poesilas@terra.com.br - Site: www.itarare.com.br/silas.htm

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