quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Versão em Cordel do Estatuto de Poeta de Silas Correa Leite





ESTATUTO DO POETA – Versão em Cordel


(Com base no Estatuto de Poeta Original de Silas Correa Leite)


Poeta Cordelista
Antonio Anizio dos Santos



O Silas Correia Leite
Num rascunho descreveu
Um esboço do projeto
Muito bem esclareceu
Dos poetas o estatuto
Resgatando o que é justo
E quais os direitos seus.
O artigo um, relata
Os direitos dos poetas
Tem direito a ser feliz
Tendo alegria completa
Indo mesmo muito alem
Porque a eles convém
Fato que ninguém contesta.
Artigo dois dar direito
A dividir as loucuras
Tendo a sensibilidade
Paixão e muita ternura
Tendo Cítara na alma
Num prelúdio que acalma
Com amores nas alturas.
Parágrafo único esclarece
Não poderás ser traído
Um direito dos poetas
No texto bem definido
Só se for pra infeliz
Daquela que não lhe quis
Por todos seja esquecido.
Artigo três o poeta
Não poderá passar fome
Tristeza nem solidão
Pois este mal o consome
Tristeza é identidade
Solidão mal que lhe invade
Mas não lhe impede que ame.

E no seu artigo quarto
A mãe é o santuário
Que aos poetas ilumina
Sendo também estuário
Que faz jorrar poesia
Declama amor todo dia
Cumprindo seu calendário.
Nunca haverá fronteira
Na vida de um poeta
Sua bandeira é de luz
Sua justiça é correta
Luta pelo social
Pelos direitos iguais
Se errarem ele protesta.
Este foi o quinto artigo
Nenhum poeta será
Maior que o seu país
Divisa não haverá
O pão o vinho o maná
Tudo para alimentar
Aos que na vida passar.
Ao poeta será dado
A cerveja vinho e pão
Este é o sexto artigo
Dará amor e paixão
Sustentará mentalmente
Também fisiológicamente
Na crise ele entra em ação
Poeta não será preso
Saberá se defender
Fará legítima defesa
Tem o Dom de escrever
Em qualquer situação
Defendendo a legião
A que ele pertencer
O sétimo estar escrito
O oitavo é solidão
Que atrai todos poetas
Fala de amor e paixão
Que dos poetas presente
Poeta só é contente
Mexendo com emoção.O poeta viajando
Não estando combinado
Toma licor de ausência
Não ficará planteado
Nem tulipas de néon
Nem os dentes de leão
Sem antes ser combinado.
Em seu sentido o poeta
Seu olho será radar
A mão é sensorial
Pra de longe capitar
É um sinzel esculpindo
A poesia fluindo
Lindos versos a declamar.
O nono e o décimo artigo
Terminei de declarar
Vou pra o décimo primeiro
De suas vestes falar
Poeta veste de tudo
Até blusão de veludo
Pra melhor se agasalhar.
Lutará contra a miséria
Este é seu cotidiano
Aos que roubam e lucra fácil
Acabar será seus planos
Só gosta do humanismo
Tem o seu idealismo
Traçado já em seus planos.
Poeta pode exercer
Toda e qualquer profissão
De ourives a jardineiro
Ou uma outra função
Não pode ser passional
Interesseiro amoral
Não é sua pretensão.
Décimo primeiro, e segundo;
Foi escrito e declarado
Poeta sabe criar
Escrevendo é amparado
No papel bota o que sente
Chora, mas vive contente
Por Deus é abençoado.
Décimo terceiro é claro
Sendo um poeta acusadoPor algo que fez errado
Na dúvida não é culpado
Se disser ser inocente
É livre completamente
Por todos é agraciado.
Pois os poetas não erram
Quem é poeta não mente
Pois traduz o impossível
Inventa o inexistente
Todo poeta é da paz
A violência jamais
Em um poeta é ausente.
As portas estão abertas
Pra o poeta receber
Caminhos com muitas flores
Na brisa ao amanhecer
Navegando em poesia
Cantando com maestria
Músicas que faz reviver.
Poeta não é moderno
Não tem classificação
Poesia não se vende
É dada de coração
Não tem o poeta clássico
Poeta não é um mágico
Poeta é da geração.
Concluindo este estatuto
Faço a simplificação
São vinte e cinco artigos
Dar quase uma coleção
Mostrando a todo poeta
Os direitos desse atleta
Com perfeita discrição.
O Silas Correia Leite
Este estatuto escreveu
Fiz só uma apologia
Seguindo o roteiro seu
Pra não ficar redundante
Mostrei pontos importantes
Que o autor descreveu.
Em resumo o poeta
Tem liberdade total
Não para fazer o mal
Mas pra ser universal
Levando com eloquência
Fruto da inteligência
Mostra que somos igual
A*aqui retratei em versos
N*nos artigos esclarecidosT*todos por Silas escritos
O*onde tudo faz sentido
N*narrado com bem clareza
I*inovando com pureza
O*obra no texto contido.
A*aos poetas o meu abraço
N*nunca serás esquecidos
I*irais alegrando a todos
Z*zanga não é teu partido
I*irmanado no amor
O*onde fores és ouvido.
D*declamando teus poemas
O*ostentando as emoções
S*soar a música é teu lema.
S*saberás com palavras comover
A*afastando o ódio e o rancor
N*navegando em rimas e pensamentos
T*tuas trovas louvando ao amor
O*ostentando a bandeira iluminada
S*sacrilégio de um poeta sonhador.


htt://recantodasletras.uol.com.br/autores/anizaoaz-anizio-santos@ibest.com.br

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OS POBRES - Poema Social de Silas Correa Leite





Poema Social

OS POBRES

Para Luis Inácio Lula da Silva

Estamos em todos os becos, vielas, cortiços, palafitas
Como estamos em torres, naves, subterrâneos, trilhas
Ou em bancos, tribunais, igrejas, palácios, aeroportos
Como estávamos desde muito antes de antigamente em pirâmides
E ainda um dia certamente estaremos nas salinas radioativas de Marte
Somos sempre a maioria absoluta
No teatro de operações ocupamos imenso espaço referencial, somos
OS POBRES !

Somos a chamada grande massa populacional
Negros, quase brancos, mestiços, mamelucos, brasilíndios, afrogente
E sonhamos, construímos, somamos, geramos
Em campos, cidades, favelas, exércitos, núcleos sociais
Somos a humanagente
Somos OS POBRES !

Já não somos tão gado marcado
Ultrapassamos as barreiras do redil inumano
Fugimos do curral das vis aparências hostis
No Brasil, agora, pobres viajam, têm carro, celular, casa; passeiam de avião...
Assustam os insensíveis que têm desconhecimento histórico de riquezas injustas
Somos a maioria absoluta da população
Brasileirinhos e brasileiríssimos
Estivemos por centena de anos no bico do corvo como o joio social
Mas sobrevivemos
Nós somos OS POBRES !

Podemos fazer faculdades, erguer nossa casa, usufruir tecnologias
Não precisamos mais vender as nossas férias para não passar fome
Não precisamos mais verter o nosso sangue para ter o que comer
Nem mendigar um prato de comida, um pedaço de pão
Nossos filhos, nossos amores; perante a historia que é remorso
Sabem que tudo foi revisitado – com um operário padrão
Que se construiu presidente e elegeu como Seres Humanos, cidadãos
OS POBRES!

Estamos na escala da inclusão social
Milhões saíram da amargura da miséria absoluta
Temos três refeições por dia
Finalmente alguém pensou em nós - os excluídos, os descamisados, os Sem Teto, Sem Terra, Sem Amor pátrio
Temos muito amor para dar
E não vamos dar a nossa cota de dor aos que nos vitimaram, nos marcaram: eles não suportariam...
Nem daremos nossa taxa de trevas no historial de nosso sangue lavrado
Somos o Brasil também agora
A cara, a cor, a coragem, a música, o futebol, o significante e o significado:
SOMOS O POVO !

Um homem público que veio do povo para o povo
Finalmente, depois de mais de 500 anos
Nos proveu, nos pensou, reparou em nós e nos estendeu a mão pública
Abriu as portas do palácio para o povo
Para os órfãos das ruas de amargura
Que país era esse, que era só rico para os ricos
E não era rico também para o restante carente da população sempre expropriada?
Agora é um país de todos para todos
O POVO
Do qual todos poder emana e em seu nome deve ser exercido.

Sobrevivemos. As mãos lanhadas. Os olhos tristes. A fome, a fome!
Sobrevivemos, Pátria Mãe
Comemos o pão que o diabo amassou.
Índios mortos: milhões
Negros escravos e mortos: milhões
Operários como ovelhas tosquiadas pela máquina insana do lucro a qualquer preço, a qualquer custo
Sobrevivemos para contar a história e somos também agora sujeitos da história
A nossa presença foi reconhecida
Somos os POBRES
Somos o POVO !

O Brasil já não está mais deitado em berço esplêndido
Nós nos levantamos, coragem irmãos, coragem
Subimos nos ombros de um gigante metalúrgico para enxergar mais longe
Cá estamos, irmãos, cá estamos em lágrimas
E finalmente reconhecidos na identidade sagracial de uma nação emergente
Em terra que emana leite, pão e mel

Ainda há muito o que fazer, conquistar, buscar democracia social
Tardou a justiça que finalmente começou e viça
O metalúrgico operário aleijado pela máquina nos resgatou
Governou para todos
Governou para o povo
Somos pobres mais temos deveres – e direitos.
A esperança venceu o medo, a mentira, a hipocrisia, a opressão social histórica
A pátria amada ouve o brado retumbante
O povo tomou a direção da barca
Os pobres em ascensão social
Somos a maioria e somos reconhecidos, temos alma e coração
Os braços fortes, a braveza como voto de luz
Não somos mais peças de reposição para riquezas injustas, lucros impunes, propriedades roubos
Sofridos mas vitoriosos deixaremos um país melhores para os nossos descendentes
A Nação Brasil agora tem um Povo para chamar de seu
Salve Limpo Pendão da Esperança
Pátria Amada
BRASIL!
-0-
Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, SP, Brasil
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Conselheiro em Direitos Humanos, Prêmio Lygia Fagundes Telles Para Professor Escritor
E-mail: poesilas@terra.com.br
Site: www.portas-lapsos.zip.net
Poema da Série: “Verás Que Um Filho Teu Não Foge à Luta”






quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Editoras Esnobam Machado de Assis





Editores esnobam Machado de Assis
Esdras do Nascimento



A reportagem da Folha de S.Paulo enviou, pelo correio, a seis editoras uma novela de Machado de Assis, pouco conhecida, intitulada Casa Velha. Como autor, constava um nome desconhecido. Os originais, impressos em computador, estavam encadernados com espirais, o endereço do autor era um hotmail do correio eletrônico, criado especificamente para isso. Seis meses depois, a Companhia das Letras, a Objetiva e a Rocco responderam dizendo que não tinham interesse no livro. A Record, a L&PM e a Ediouro não responderam nem acusaram recebimento. Nenhuma delas reconheceu que se tratava de um texto de Machado de Assis.
A Editora Objetiva recebeu 547 originais em 1998. Isa Pessoa, responsável pela seleção de textos, disse que pelos menos vinte páginas de cada livro são lidas para avaliação. Além de duas pessoas que se dedicam a esse trabalho, na editora, também são usados colaboradores de fora.
Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco, disse que recebe quarenta originais por mês, havendo períodos em que esse número chega a oitenta. Três funcionários fazem a primeira leitura. Quando o livro interessa, é submetido a uma segunda e a uma terceira opiniões de leitores que têm, no mínimo, mestrado em literatura.
A Companhia das Letras recebe por mês cem originais em português, que são avaliados por sete pessoas e, eventualmente, submetidos a pareceristas especializados.
Na opinião da gerente editorial da Objetiva, "estilos também envelhecem. Uma coisa é o autor dentro de seu contexto literário e político. Outra, é ele hoje. (Casa Velha)... não cativa, não está dentro do que estamos buscando, não tem empatia com o leitor brasileiro de 1999".
Vivian Wyler, da Rocco, afirmou que "o problema é de mercado mesmo. A pessoa que avaliou o livro disse que, de cara, pesou o fato de parecer uma novela histórica, gênero que teve um boom há alguns anos. Só para 99 já contratamos três livros assim, sendo que dois são exatamente desse período. Julgamos que o autor imitava um estilo antigo, o que é complicado para o leitor de hoje, às vezes, um empecilho. A linguagem é um pouco rebuscada".
Ruth Lanna, da Companhia das Letras, informou: "Fui procurar os registros e encontrei a entrada desses originais e também a saída, mas não a avaliação. Não sei dizer os motivos. Mas afirmo que o texto enviado foi analisado. Se você recebeu uma carta de recusa, é por que ele passou nas mãos de um leitor aqui dentro".
Como informa a reportagem da Folha, Casa Velha foi publicado pela primeira vez entre 1885 e 1886, dividido em 25 episódios, na revista para senhoras A Estação: "O romance é ambientado no Rio de Janeiro, em 1839. A dona de uma casa oligárquica quer impedir que seu filho se case com uma de suas protegidas. Para ajudá-la, chama um padre, que mais tarde narrará esses eventos ao leitor".
Lúcia Miguel Pereira foi a responsável pela publicação de Casa Velha em livro, pela primeira vez em 1944. Machado de Assis, ao contrário do que fez com a maioria dos seus outros trabalhos escritos para jornais e revistas, não reuniu os episódios para editá-los num volume. Isso não quer dizer, porém, que se trate de obra menor, insignificante, de Machado. Nem, tampouco, que seja uma obra-prima, simplesmente por ter sido escrita por ele. Quem estiver interessado em conhecer essa novela de Machado poderá encontrá-la no volume II das suas obras completas editadas pela Nova Aguilar.
Tempos atrás, num concurso de contos, no Rio, Sagarana, de Guimarães Rosa, perdeu para uma coletânea de histórias curtas assinada por Luís Jardim. Na comissão julgadora, voto decisivo, estava mestre Graciliano Ramos. Na França, André Gide mandou devolver os originais de Em busca do tempo perdido, de Proust, por considerá-los ilegíveis.
Em 1959, Umberto Eco escreveu uma bem-humorada coluna mensal de paródias para um jornal literário italiano. Essas paródias foram reunidas em livro em 1960, em dois volumes. Um dos capítulos foi intitulado "Infelizmente, estamos devolvendo o seu...". Reunia textos imaginários de avaliadores de originais sobre textos oferecidos aos editores por seus autores ou agentes:
* A BÍBLIA, anônimo – As primeiras centenas de páginas deste manuscrito realmente me fisgaram. Cheias de ação, elas têm tudo o que os leitores de hoje querem numa boa história. Sexo (aos montes, incluindo adultério, sodomia, incesto), assassinatos, guerras, massacres e por aí vai. O capítulo de Sodoma e Gomorra, com os travestis dando forma aos anjos, é digno de Rabelais; as histórias de Noé são puro Júlio Verne; a fuga do Egito merece uma grande produção cinematográfica. Em outras palavras, uma verdadeira bomba, bem estruturada, cheia de ginga, plena de invenção. Mas, à medida que continuei lendo, entendi que o manuscrito é na verdade uma antologia, envolvendo diversos escritores, com muitas, muitas mesmo, passagens de poesia, outras partes enjoativas e tediosas, e lamúrias que não fazem sentido. O resultado final é uma antologia monstruosa. Parece ter um pouco de todo mundo, mas termina apelando para ninguém. E adquirir os direitos de todos esses diferentes autores vai significar grandes dores de cabeça, a menos que o editor cuide disso ele mesmo. O nome do editor, a propósito, não aparece em nenhum lugar do manuscrito. Há alguma razão para manter sua identidade em segredo? Eu sugeriria comprar os direitos apenas dos primeiros cinco capítulos. Neles estamos pisando firme. Também se poderia pensar num título melhor. Que tal Os desesperados do Mar Vermelho?
* A ODISSÉIA, de Homero – Pessoalmente, gosto deste livro. Uma boa trama, excitante, embrulhada em aventura. Grandes momentos dramáticos, um gigante de um olho só, canibais, até algumas drogas – mas nada ilegal, porque até onde sei o lótus não está na lista do Departamento de Narcóticos. A cena final segue a melhor tradição do western, com algumas lutas pesadas, e a história com o arco é um golpe de mestre de suspense. O tom é calmo e ponderado, sem ser pesado. E a montagem, o uso de flashbacks, as histórias dentro de histórias... Em poucas palavras, este Homero é a coisa certa. Inteligente demais, talvez, comparado ao seu primeiro livro. Eu imagino se é realmente dele este trabalho. Sei, é claro, que um autor pode se aperfeiçoar com a experiência, mas o que me causa um certo desconforto – e, finalmente, me leva a dar um voto negativo – é a confusão que a questão dos direitos vai causar. Em primeiro lugar, o autor não é encontrado em lugar algum. As pessoas que o conhecem dizem que sempre foi difícil discutir qualquer mudança a ser feita no texto, porque ele era tão cego quanto um morcego, não conseguia encontrar o próprio manuscrito, e até dava a impressão de que não estava completamente familiarizado com ele. Será que realmente escreveu o livro ou apenas o assinou?
* A DIVINA COMÉDIA, de Dante Alighieri – Alighieri é um típico escritor de domingo. Seu trabalho mostra um inegável domínio da técnica e um considerável faro narrativo. O livro, no dialeto florentino, consiste de cerca de uma centena de capítulos rimados, e muito de seu conteúdo é interessante e de boa leitura. Eu particularmente gostei das descrições de astronomia e de certas noções teológicas concisas e provocativas. A terceira parte do livro é a melhor e terá o maior apelo; envolve assuntos de interesse geral, concernentes ao leitor comum – salvação, a visão beatífica, adoradores da Virgem. Mas a primeira parte é obscura e auto-indulgente, com passagens de erotismo barato, violência e crueza absoluta. Mas o grande inconveniente é a opção do autor por seu dialeto (inspirado sem dúvida por alguma idéia de vanguarda).
* EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO, de Marcel Proust – Este é um trabalho indubitavelmente sério, talvez longo demais. Poderia vender como uma série, mas não deveria ser publicado como está. Precisa de um trabalho editorial sério. Por exemplo, a pontuação deve ser refeita. As sentenças são muito elaboradas; alguma tomam uma página inteira. Bem trabalhado, reduzindo cada sentença para um máximo de duas ou três linhas, quebrando os parágrafos, o livro seria aceito. Se o autor não concordar, então esqueça. Como está, o livro é muito – qual é a palavra? – asmático.
* CRÍTICA DA RAZÃO PRÁTICA, de Immanuel Kant – É um pequeno e razoável livro sobre moralidade, que poderia se adaptar perfeitamente às nossas séries filosóficas, e poderia até ser adotado por algumas universidades. Mas o editor alemão diz que, se nós o comprarmos, teremos que nos comprometer não apenas com o livro anterior do autor, que é uma coisa imensa em no mínimo dois volumes, mas também com aquele no qual está trabalhando agora, sobre arte ou sobre julgamento, não tenho certeza. Todos os três livros têm mais ou menos o mesmo título, logo teriam que ser vendidos num pacote (e a um preço que nenhum leitor poderia recusar); de outra maneira, os ratos de livrarias poderiam confundir um com o outro e pensar "já li isso antes".
* O PROCESSO, de Franz Kafka – Um pequeno e agradável livro. Um thriller com alguns toques de Hitchcock. O assassinato final, por exemplo. Poderia ter algum público. Mas aparentemente o autor escreveu sobre um regime de censura pesada. Se não, por que todas essas vagas referências, esse truque de não dar nome a pessoas ou lugares? E por que o protagonista é colocado em xeque? Se esclarecermos esses pontos, o suspense ficará garantido. Escritores genuínos devem ter em mente as cinco questões básicas dos velhos jornalistas: quem? o quê? quando? onde? como? por quê? Se pudermos ter mão livre na edição, eu diria: compre-o. Se não, não.
* FINNEGANS WAKE, de James Joyce – Por favor, diga ao editor para ser mais cuidadoso ao distribuir livros aos analistas de textos. Eu sou leitor de língua inglesa, e vocês me mandaram um livro escrito em alguma outra língua remota. Estou devolvendo-o em pasta separada.
De toda essa história polêmica, fica a constatação de que três editoras das mais importantes do país sequer acusaram recebimento de originais recebidos. Essa prática é comum. E deixa alucinados os autores, que entram muitas vezes em paranóia escrevendo cartas, enviando faxes e e-mails e telefonando às editoras, no esforço inútil de tentar saber o que foi feito dos seus livros e se eles serão publicados ou não. Raramente recebem respostas. Nem mesmo a gentileza de um telefonema. Os gerentes editoriais, com raras exceções, tornam-se inacessíveis. Sonhando talvez com o dia em que haverá livros sem autores.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Votou no Serra, Tomou no Tiririca do DEMO,

NINGUÉM MERECE
Votar no Serra e Tomar no Tiririca, no Pinóquio de Chuchu
Estados Mais Evoluidos Cassaram Nas Urnas Cesar Maia, Yeda Cruz, Tássio Jerissiati
AQUI ELEGEMOS TANTOS OUTROS TIRIRICAS DO DEMO

QUEM SOU EU? POR SILAS CORREA LEITE




QUEM SOU EU?

(Improviso para um solo de Jazz dodecafônico)

-Sou o que escreve porque não sabe se matar. Sou o que lê muito sempre fugindo do exato e doloroso verbo Viver. Sou o que respira auras e halos pelo fio de navalha da poesia-canga. Sou o que aprendeu cantar mentalmente porque não podia soar. Sou o que fugiu de viver e descobriu a Terra do Nunca num encantário de luz e poesia. Sou, a bem da verdade, uma bananeira que já deu goiaba em lata. Que acredita em Deus mas não vê Deus nos humanos. Sou o que foi criança e gostava de estar com os sábios mais velhos. Que foi jovem brucutu fora de seu tempo e com poucos amigos de verdade. Sou o que envelhece filosofias e enluos lidando com crianças. E reaprende sinais e conhecenças com elas... Sou o que foi humilhado e usou isso como dínamo para sobreviver como uma groselheira seca. Sou o que quebraram as pernas e aprendeu a voar sem muletas. Sou o que chora no escuro para não assustar quem ama e assim passar uma imagem de forte e bravo. Sou quem é sozinho pela própria natureza, e escreve muito para ter companhia. Como um eco no abismo. Sou um rapaz que amou Os Beatles & Tonico e Tinoco, mas Lennon morreu, George também, e ainda resta um caipira cantando mundos e campos de lavandas entre lírios laranjas. E ainda sola silêncios em alto relevo... Sou o que se esconde na cerveja, pois o vício predileto é querer ser árvore secular, ser nuvem além da fonte sagrada de todas as águas-mães, rio acima de todas as marés e ilhas, nunca mais um pobre e vil bicho-ser. Sou o que acredita na arte como libertação, na poesia como fermento, em Deus como um cartão de crédito antes do cianureto e atrás dos campos de trigo com corvos. Sou aquele que tem uma lenda pessoal para cumprir, vive e morre por isso, mas, coitado, coió e capiau ainda briga por arroz com feijão e couve rasgada na rala sopa de pedras dos inválidos. Sei que é o espírito que ama o espírito, antes do corpo amar o corpo, mas infelizmente sei também que uma andorinha só não faz outra andorinha. Sou o poeta que foi marceneiro entre cedros e borboletas, o professor que já foi bóia-fria e lanhou as mãos de manteiga derretida, o doutor engravatado que tem ficha nos podres porões da ditadura militar incompetente e corrupta, o jornalista de oficinas que cutuca onças com vara curta, um pobre aprendiz de feiticeiro que busca a mágica de ser feliz cem por cento blues. Tive inimigos e eles me fizeram bem, pois por eles auditei minha vida como páginas de rostos, meu caminho, minha busca pela estrada que vai dar no sol, além do pote cheio de árco-íris. Fui traído e aprendi a amar direito, como uma asa precisa amar outra asa para ter alce de mira. Passei fome e valorei o pão nosso de cada dia, fiquei desempregado muito tempo e passei a adorar levantar cedo na fralda da aurora para ir conseguir o ouro de tolo em terra de muito ouro e pouco pão. Sou o ferido zangão que põe o dedo na ferida da consciência humana. Sou alguém que nasceu em dimensão-travessa-placenta errada. Sou o que a mãe não quis e foi pai da mãe. Sou o que o pai não quis e foi mãe do pai. Sou o irmão que não dá lucro, não é boa companhia, escreve errado por línguas estranhas. Sou o que sonha o leão e o cordeiro no mesmo pasto. Isso: sou um semeador de estrelas no reino da fantasia dos despossuídos... Se perguntarem meu nome de batismo, digam: Prelúdio. Se quiserem saber meu filho, digam o Ausente. É no silêncio quase ninhal que escrevo isso que me ocorre agora, de improviso, quase um crepúsculo íntimo, porque uma amiga virtual me perguntou sabiamente quem sou. QUEM SOU? Ser ou não ser? Eis a questão-toleima. Na verdade, confesso (perdoem!) não sei quem sou. Mal-e-mal simplesmente só sei o que não sou. Aliás, se eu soubesse o que sou, não seria poeta, seria de fritar bolinhos. Estaria rico, feito na vida, morando em Londres. O último a sair, pague a conta. Poetas e grávidas primeiro... Há um Deus? Do jazz nasce a luz? Habemos ícaros. (Silas Corrêa Leite)

Treinaram no Tiririca Para Votar no Serra?


sábado, 25 de setembro de 2010

Ideias Para a Oposição de Corruptos e Ladrões do PSDB, a Tucanalha, Atacar a Dilma Light e o Lula do PT





Ideias Pra Oposição Usar Contra a Dilma Light do PT

Silas Correa Leite


01)-Chuva de meteoros na LUA. A Dilma e o Lula do PT são culpados
(Enchentes do Serra, Alckmin e Kassab em SP, é São Pedro o culpado)
02)-Dilma é Gay e Lula do PT é Gay
(O FHC que engravidou a jornalista da Globo quando em campanha e foi blindado pela Globo – que abafou o caso - é culpa de um espermatozóide comunista)
03)-O Salário Mínimo de Hoje que é o dobro do tempo do FHNistão a culpa é do FMI
(FHC aumentou a divida externa em 500% e o Lula pagou a divida externa
mas a Culpa é da Dilma e do Lula do PT)
04)-Pobre, Preto e inclusão de milhões da classe baixa na Classe Média é culpa do PT do Lula e da Dilma
(Pobre é pobre e tem que se ferrar como o FHC que chamou trabalhador de vagabundo. Já pensou?)
05)-Brasil na Olimpíada, na Copa do mundo. Onde já se viu isso, o Brasil querer ser aparecido... (Culpa do PT e do Lula Light)
(FHC ia viajar para receber medalhinhas e títulos Honoris Causa, ególatra que era. O Lula recebeu muito mais títulos por competência mas disse que só vai buscar quando sair do governo)
06)-O Brasil iria virar uma CUBA se o Lula foi eleito. No tempo do FHC passou da Oitava para a 12 economia do mundo. No custo-beneficio do Lula passou de 12 para Oitavo, está entrando na Sétima Potência e pode ir para a 5 com o pré-sal. OS: Os EUA é que quebraram a economia...
07)-Lula descobriu o Pré-sal e tornou a Petrobrás uma das melhores do Mundo. Onde já se viu isso?
(FHC com a privatizações-roubos beneficiou capital de agiotas estrangeiros por conta das privatizações-roubos do Pinóquio de Chuchu o Banana do Alckimin OPUS DEI)
08)-Usa usa barba é feio, Lula não tem estudos... vai quebrar o Brasil
(FHC deixou o dólar e o risco Brasil nas alturas... mas muita gente ganhou com isso, menos o povão).
09)-Serra, o mentiroso das baixarias, disse que fez, fez, fez, vai fazer... mas por que não fez quando era ministro meia boca, presidente do PSDB meia boca, prefeito meia boca, governador meia boca?
(A Marta Suplicy fez dez vezes mais – até o Kassab reconheceu – mas foi queimada pela corja da Tucanalha e a mídia atrelada que não gosta de mulher inteligente, de professor e nem de funcionário público)
10)-A Cordilheira dos Andes está perdendo o gelo... Culpa da Dilma do PT...
(O Serra é pé frio, com aquela cara de esgoto da direita insana, um aloprado adorado pela corja da Veja, Estadão, Folha, Rede Globo, FIESP, OAB, que fazem a cabeça dos manés mal informados e mal formados, já pensou? Pensar pode)
11)-Alckmin, o pior governador para Itararé – os melhores foram Carvalho Pinto e Franco Montoro. Fez um pedágio para ajudar o corrupto do Fadel (amigo de quadrilha) e dividir Itararé no meio. Culpa do Lula do PT?. Pois é...
(Vergonha para Itararé. Imagine o jeca total que vota num tipo desse do PSDB que envergonhou Itararé)
12)-O DEMO o mais corrupto partido do Brasil, foi PFL, PDS, Arena, apoiou a canalha de 64, apoiou FHC e apóia Serra e Kassab, mas o Lula é o culpado do ACM ter ficha limpa e morrer impune...
13)-Pobre, preto, periferia S/A fazendo faculdade... o Lula e a Dilma são culpados...
(E o PSDB dos escrotos Serra e Pinóquio de Chuchu que dizem que vão fazer, por que em 16 anos no continuísmo antidemocrático em Samparaguai não fizeram?). Pois é, acredite se quiser ...

Silas Correa Leite

domingo, 29 de agosto de 2010

CEM ANOS DE ADONIRAN BARBOSA




Cem Anos de Adoniran


In Memoriam de Adoniran Barbosa, Boêmio,
Ator, Radialista, Cantor, Compositor, Inventor, Biriteiro
Faria 100 Anos em Agosto 2010


Se o senhor não tá lembrado vou contando
Em agosto deste insano ano e mês de 2010
Adoniran Barbosa estaria se seculando
Porque cem anos são remos e asas nos pés
Das coisas que vão e voltam se entranhando

Se o senhor não tá lembrado; eu sou fã
Era belo domingo de sol de antiga manhã
Que eu o vi saudosa maloca no Paissandu
Tomou um aperitivo rabo-de-galo e caracu
Chapéu e bigode a la carlitos era Adoniran

Se o senhor não tá lembrado é bom que eu diga
Depois o vi num barzinho risca-facas no Bixiga
Tomando a saideira que nunca ali terminaria
Talvez o trem das onze a milanesa ainda o siga
Na corda mi da garoa em percursão e harmonia

Se o senhor não tá lembrado do “Era uma vez”
Cem anos Adoniran faria neste agosto que era e é
Um eu você qualquer ritmo que se pinte paulistanês
Do centro à zona leste Sampa via Jaçanã ou Tatuapé
Adoniram boêmio é mano que samba paulistano fez

-0-

Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras/Samparaguai
Blogue:
www.portas-lapsos.zip.net
E-mail: poesilas@terra.com.br

sábado, 21 de agosto de 2010

Blog da Revista Virtual Partes: Frederico Barbosa, o Poeta Que Promove a Poesia

Blog da Revista Virtual Partes: Frederico Barbosa, o Poeta Que Promove a Poesia: "Poeta Frederico Barbosa, um Portentoso Promotor Lítero-Cultural em Sampa -Gerenciando técnico-administrativamente com qualidade humana ..."

Blog da Revista Virtual Partes: Lá no Bar das Putas - Letra de Blues de Silas Corr...

Blog da Revista Virtual Partes: Lá no Bar das Putas - Letra de Blues de Silas Corr...: "Lá No Bar das Putas (Letra de Blues) Eles não me deram o céu, meu bem Por isso eu fui morar na rua E ali eu dormia abandonado como um cã..."

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Poema do Guri Pobrinho




Poema do Guri Pobrinho


Como eu era um guri humilde, bem pobrinho
Nunca pude ir com os coleguinhas da escola
Para as excursões ao zoológico que eram caras
Nesses dias sozinho e triste em casa eu ficava
Enquanto meus amigos pro zoológico viajavam
E eu dormia... e ao dormir... então, sonhava

Eu estava comigo num zoológico incrível e lá
Logo dava de inventar meus próprios bichos
No escape-toleima da minha pueril imaginação
E era o Jacaré-Leão
O Super-Pato Laranja
Ou a Lagartixa-Verde-Ranho-Limão

Na minha cabeça, na minha mente
Às vezes o zoológico era pura diversão
À vezes lógico, mas muitas vezes não...
E toma Tamanduá-Jipe
Ou até mesmo Peixe-Voador
Quando não alguma Baleia-Flor

Nessa minha aventurosa misturança
Nos meus áureos tempos de criança
As irmãs reinando me achavam meio pancada...
Mas no outro dia de aula, a viajosa gurizada
Contava fuzarcas da viagem, da bicharada
Eu cara de tongo sonhador não contava nada

E toma Zebra-Bicicleta
E toma Tartaruga-Estrela
Quando não Tatu-Liquidificador
Decerto eu, para de alguma forma de salvar
Do meu próprio reino encantado era inventor

Quando a gente é pobrinho só resta o sonhar
Vive num encantário... na ilusão, a imaginar
Uma outra vida para sobreviver... escapar
E mesmo assim, nunca deixar de BRINCAR !
-0-

Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes
CEM ANOS DE TOMÉ TEIXEIRA NA EDUCAÇÃO
Entra Aluno – Sai Cidadão
E-mail:
poesilas@terra.com.br -o- Site: www.itarare.com.br/silas.htm
Blogue: www.portas-lapsos.zip.net

domingo, 15 de agosto de 2010

Definições Interessantes

O Poeta Silas Correa Leite e a Sobrinha-Filha
Claudia Correa Bitencourt, em Itapeva-SP


DEFINIÇÕES INTERESSANTES

CONTADORÉ o que sabe o custo de tudo e o valor de nada.
AUDITORÉ o que chega depois da batalha e pisa nos feridos.
BANQUEIROÉ um cara que te empresta um guarda-chuva quando faz um sol radiante e o pega de volta no instante que começa a chover
ECONOMISTAÉ um expert que saberá amanhã por que o que predisse ontem não aconteceu hoje.
REALISTAÉ alguém que leva uma bomba de mentira quando voa, porque isso diminui as possibilidades de que haja outra bomba no mesmo avião.
PROGRAMADORÉ o que resolve um problema que você não sabia que tinha de uma maneira que você não compreende.
COMPUTADORMáquina inventada para resolver problemas que ainda não existiam antes da sua criação.
ANALISTA DE SISTEMASPessoa que um dia soube programar computadores, mas não foi capaz de acompanhar a evolução da informática e quis continuar trabalhando na área assim mesmo.
FÍSICO QUÂNTICOÉ um homem cego em um quarto escuro, procurando por um gato preto que não está lá.ADVOGADOÉ uma pessoa que escreve um documento de 10.000 palavras e o chama de "sumário".
PSICÓLOGOÉ aquele que olha todos os demais quando uma mulher atraente entra na sala.
CONSULTORÉ alguém que tira o relógio do teu pulso, te diz a hora e te cobra por isso.
DIPLOMATAÉ quem lhe diz "vá a merda" de um modo tal que você fica ansioso para começar a viagem.
ARQUITETODiz-se de um cara que não foi suficientemente "macho" para ser engenheiro, nem suficientemente bicha para ser designer.
TÉCNICOProfissional apaixonado que sabe um pouco de tudo o que cerca sua área.
GERENTEProfissional especializado que sabe muito sobre uns poucos pontos estratégicos de sua área.
DIRETORProfissional altamente especializado que sabe absolutamente tudo sobre absolutamente nada.
AMIGODiz-se da pessoa do sexo oposto que tem esse não sei o quê que elimina toda intenção de querer ir para cama com ela.
ESCOTEIROUm menino vestido de estúpido comandado por um estúpido vestido de menino.
CANDIDATOPessoa que obtém dinheiro dos ricos e votos dos pobres para proteger um do outro.
CONFIANÇAVia livre que se dá a uma pessoa para que cometa uma série de besteiras.
FÁCILDiz-se da mulher que tem a moral sexual de um homem.
FUTEBOLÉ com quem toda mulher se casa sem saber.
INDIFERENÇAAtitude que adota uma mulher diante de um homem que não lhe interessa, que é interpretada por ele como "está se fazendo de difícil".INFLAÇÂOÉ ter que viver pagando os preços do ano que vem com o salário do ano passado.
MODÉSTIAReconhecer que alguém não é perfeito, mas não dizer a ninguém.
CHATOPessoa que fala quando seria desejado que escutasse.
TRABALHO EM EQUIPEPossibilidade de jogar a culpa nos outros.
OPOSIÇÃO AO LULA
O lixão da tucanalha do DEMO falando do rasgado

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sagrado Coração do Grupo Escolar Tomé Teixeira

Comissão Organizacional das Comemorações do
Centenário da E. E. Tomé Teixeira




Sagrado Coração do “Tomé Teixeira”


-Levanta Guri! Tem Aula no Tomé!
Final dos Anos 50 em Itararé.
A mãe fervendo roupa no fogão com vermelhão
E eu já de bubuia com roupa humilde, cerzida
Saía pra constelação da escola; viajoso para a lavoura da vida
Aulas com a Mestra Jocelina querida.

Frio junino de rachar cachos de mamonas
O pai debulhando chão de estrelas na acordeona
-Vamos, vamos, se aprume depressinha menino
Teu destino
Está no ensino...

Lá saía eu serelepe com o par de congas de segunda mão
Olhar de bezerro desmamado, carente e pidão
Aprender a mais suprema lição.
-Bom Dia Querida Professora Jocelina
(Ela é própria ternura que de si mesma se ensina)

Verbos. Tabuada. Desenho. Geografia:
A pedagogia que era a mais portentosa harmonia.
-Oito Vezes Oito?
(Arroz com biscoito)
Eu, rimando, pensava – mas não dizia
E a professora bondosa era meiga, não ralhava
E a Cartilha Caminha Suave perene ensinava
Foi por aí que nasceu a minha primeira poesia
Certamente que muito pueril; e a mestra melhorava
Corrigia... incentivava...

Dia da Pátria, Dia do Índio, Dia da Árvore, Dia da Bandeira
-“Salve Lindo Pendão da Esperança...”
Nos tempos do Tomé Teixeira eu era muito criança
E uma escola como aquela era alumbrada e prazenteira.
-Quem descobriu o Brasil? – Perguntava a Professora na chamada oral
E eu hiperativo e espeloteado de presto berrava: Pedro Álvares Cabral!

A Professora Jocelina que fez o Poeta
O menino que teve a primeira mestra como um anjo em sua vida
Ensinar a Ler e Escrever é dádiva – e benção - de Deus
(São tantos os pergaminhos dos aprendizados meus)
-Á “bença” Professora Dona Jocelina Stachoviach de Oliveira!
-Deus te abençoe curumim, poetinha aluno do Tomé Teixeira!

Virou poeta; o menino tornou-se também por causa dela um escritor
Canta Santa Itararé das Letras muito além do céu distante do interior
“Minha Terra tem pinheirais
Onde canta o Sabiá Aristeu
E Tomé Teixeira o berçário
Que luz em minha vida acendeu!”

Cem Anos da Escola Tomé Teixeira, Centenário
Berço, ninhal, ponto de partida – encantário
Cem Anos no Historial da melhor Educação
“Entra Aluno, Sai Cidadão”
Patrimônio Educacional ilustre é
A Escola Tomé Teixeira de Itararé

“Pobre só tem uma saída/Estudar para ser alguém na vida”
“Quem não estuda/Não muda”
O Tomé Teixeira foi a escada para o céu, a minha providencial ajuda
O menino pobre aprendeu a pedagogia do afeto com exatidão
E sua louvação agora se clarifica muito além da adorada Itararé
Cidade Poema que sua aldeia nativa e terra-mãe ainda é
E assim, vitorioso, do fundo do seu coração
À primeira escola pede a benção:
-“A Benção Sagrado Coração do Grupo Escolar Tomé Teixeira”
As lições de amor da Mestra Alfabetizadora Jocelina são
Para muito além da constelação de uma vida inteira!
-0-
Silas Correa Leite

sábado, 31 de julho de 2010

Leticia Palmeira e o Livro Artesã de Ilusõrios

Pequena Resenha Crítica


Livro “Artesã de Ilusórios” - Um Tremendo Bordado Literário de Letícia Palmeira


A compreensão não é um saber abstrato.

É um saber em ação.

Paulo de Camargo



-Mas, afinal de contas, o que é mesmo que Letícia Palmeira escreve? Como classificar sua primeira obra, a estréia em alto estilo, de salto alto? Conto, crônica, ficção, prosa em verso, prosa poética, derramas subjetivos, criações letrais, pirações, qual a classificação narrativa do exuberante livro “Artesã de Ilusórios”, Editora Universitária, UFPB, 2009? Essa é a questão.

Você começa a ler e, baba baby, fica encantado; acha que está entrando num conto, depois periga ver é ensaio, quando não começa meio croniqueta e vira conto, ou vice versa, para não dizer que não falou de flores, ela entra e sai toda prosa de narrativas mirabolantes que seduzem, cativam, tornam o livro um mosaico de tudo o que ela purga, fermenta, depura; olhar de artista descrevendo a vida, com paradoxos, entraves, janelas abertas de sua alma em jorro letral. Já pensou? Artesã de Ilusórios, é, talvez, mas só talvez, uma heroína insatisfeita buscando-se a si mesma, auditando valores existenciais, momentos, transgressões, tentando a autenticidade num mundo perdido, degradado...

-A mulher e flor-fêmea no exercício exuberante de toda a sua existencialização enquanto alma pensante, transbordando, dando corajoso testemunho, quando retrata, recolhe, registra e diz a que veio. Talvez para pensar a vida em que habita, levita, constrói e resgata peculiaridades em verso e prosa. É a mulher que não se basta, não se contém, não se enquadra. Somos continuações. Letícia Palmeira é a liga. Escrevendo ela se dá inteira, questionadora, a consciência-passageira no viço da vida, buscando a felicidade de participar, enxergar, se inserir inteira na paleta sensível de seu estar em si. A artesã que escreve é isso.

-Artesã de ilusórios tem guardados incontidos, com suas vertentes, feito um rosário de parágrafos, de palavras bem torneadas. O texto sagrando a lida da vida. Romântica e crítica. Com seus conceitos e incompreensões que mapeia, entre afetos e circunstancias de viver e ser. “O mundo de janelas abertas. São palavras em terno e gravata, grávidas, idosos, infantis, famintas e libertas. Palavras são a certeza e a visão concreta das dúvidas”. (Pg. 21, Afeto Literário). Essa é a prosa viçosa dela, formada em Letras pela Universidade Federal da Paraíba.

Fala de bichos, gatos, elefantes, dragões, e também do bicho-homem, o bicho-ser, no olival bem ilógico da vida. Quer o arsenal dos verbos. A vida é crucial? Qual é a imagem de nós mesmos no contexto de uma sociedade adultizada e machista? Não, não podemos fugir do lugar e estar que somos. Ou podemos, no escreviver, os destemperos alucinados? No tear de Letícia Palmeira, de anjos a borboletas, cercando o circo da vida. Compondo ou recompondo. tudo. Flores e árias. Clarões. E ela mesmo também ri-se de si, do que agrega, do que envolve com sua criação “Tabuada decorada para dias de prova – Pg. 47, Flor de Decassílabo.)

-Coletivo de pluralidades. Janelas. A madura escritora Letícia Palmeira pinta o quadro do que registra. “Vestígios de mim em outra face, num disfarce de casa antiga querendo mudar de lugar. Pg. 63, Janelas da Voz. A Mãe de Pedro arde em si, evoca almas, momentos, cicatrizes, faz um espólio de tudo. Como Clarice Lispector, poda-se para permanecer inteira e sempre na florada. O submarino amarelo é mais embaixo. A vida tem seus subterrâneos, de anjos a demônios. O amor também pode ser uma droga? Ela é cheia de questões, feminina e lúcida. Poeta a parir prosa feito artesã de si mesma. Se não nascemos inteiros, vamos nos fazendo. Assim é a escritora Letícia Palmeira.

-Traz as compotas da vida em palavras. Os potes de açúcares literais. Diz do homem desconexo, de filosofias e ervas. A vida o que é? Fala de flores e de sabão em pó, fala de sol e de lua, de madalenas e banheiros. Será o impossível? Que perigo é uma mulher pensadora, sentidora, criadora, na plena posse questionadora de si e do que a cerca? A literatura de pequenos espetáculos resgatados. Ah os origamis dos dias...

-Quando escreve é só uma espécie de strip-tease, em que desnuda a vida em toda a sua magnitude? Que labirinto é o pensar/sentir/amar, um quebra-cabeças em que se situa sensual, come e bebe de literatura cozida em vapor de existencialização, feito um fio de Ariadne para ramificar a sua própria contemplação?

No livro, Zélia Farias (Especialista em Língua e Literatura Anglo-Americana pela Universidade Federal da Paraíba) muito bem diz: “Letícia foi Alice um tempo(...). Já era o tempo em que se cercava a Mário Quintana, Clarice Lispector, Virginia Woolf, Ana Cristina César, Lygia Fagundes Telles (...)”. Existir é a arte da paciência sem tédio ou remorso, ou muito pelo contrário? Letícia Palmeira é a busca viva desse entendimento. Mia Couto (in, Último Desabafo de Arcanjo Mistura), diz que esse mundo não é falso. Esse mundo é um erro. Será o impossível? Ah o solilóquio da reflexões depuradas!

-Na sua exuberante literatura, Letícia Palmeira escreve recortes de vida, páginas de angústia e desprendimento, paradoxos e cisternas, olhares plangentes, fragmentos e matizes corajosos, prosa e poesia, um verdadeiro liquidificador de idéias e cobranças a partir disso, feito uma artesã que junta carne e luz, céu e terra, caracóis e pedras, defeitos de fabricação e peças de reposição, coletivos e plurais.

O mundo está dividido entre magoados e inquietos, disse Gabriel Garcia Marques. Nem sempre a lágrima é a medida de todas as coisas. Ler Letícia Palmeira é um deleite. A flor corajosa da arte e da vida, numa linguagem que situa a lucidez e a criatividade. A mulher exercitando a sua plenitude. Daí, a literatura pura.

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Silas Correa Leite – Autor de Campo de Trigo com Corvos, Contos, Editora Design

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domingo, 25 de julho de 2010

Geraldo Lima, Romance UM


Romance UM, Geraldo Lima, Editora LGE, Resenha crítica Silas Correa Leite

Pequena Resenha Crítica

Romance “UM”, de Geraldo Lima – O Discurso Amoroso da Dialética Consciencial



“Estou farto de muita coisa (...).
Eu quero a destruição de tudo o que é frágil”

Roberto Piva


O que pode o ser humano, senão, entre seres humanos, AMAR?. Parafraseando o poeta, é isso o que se dá, naquilo que Cazuza chama de sua metralhadora cheia de lágrimas, em Um, o romance de Geraldo Lima, LGE Editora, uma dialética do discurso amoroso em que permeia a consciência, o paradoxo, o ser humano (no caso, sensível), entre seres humanos, AMANDO. E com tudo isso, claro, a narrativa que vai e volta, choca e instiga, se esconde, aparenta, cita, permeia, desce e sobe, sempre sob o pântano da condição humana nas relações humanas. Será o impossível? Geraldo Lima debuta e enlaça narrativas como quadros cênicos dessa relação amarga-doce, bonita-feia, alegre-triste, sensual-bizarra, mas, antes de tudo, como as cartas de amores são ridículos – olha o Fernando Pessoa! – romances de amor nesses tempos pós-modernos também. Pior, se entre o sagrado e o profano, a carne e o sangue, o santo e o convexo, vivenciam diálogos impertinentes, bem costurados com arrojo de criar sem cair na pieguice romântica do quase ou tanto... pode se dizer que o amor acaba mas a saga continua. Ex-amores são para sempre?

Pois é: o amor tem sim, loucura que a própria lucidez desconhece.

Como se descascasse uma cebola de relação que ameaça, explicita, sai de cena, pensa-se, o autor vai retaliando a relação, fatiando sofrências, acontecências, dando tempo ao verbo e o verbo se faz carne, como se faz tensão, solilóquio, espírito e carranca. Olha a consciência como leitmotiv. Ana é o fio de Ariadne ou Ariadne é uma consciência sagrada pesando, fio condutor, para um interlocutor (interlocutora – a consciência?) onde sempre depositamos o pão e o vinho, do que se vem da carne nas relações proibidas/permitidas, só sonhadas, quem o sabe? Crime e castigo? Ah o crime de amor que faculta o existir... A consciência é a serpente que envenena intenções (ou possíveis intenções em treva branca), ou clarificando pensares, ilações/alusões, faz um inventário de partilhas íntimas, abre véus, aponta o que existe e até o que não existe?

Geraldo Lima demonstra isso aqui e ali, teatrizando ora o possível, o entendido como havido, o medo de algo-alguma coisa, resvalando ora na poesia, ora na prosa, ora meio que lispectoriano sem perder a mão (e a ternura) jamais. Gostoso lê-lo.

A Ana que foi (foi?) e já não é. A Ariadne que poderia ter sido e não foi. O entremeio, o intertexto, as citações, o seminário (que aqui vem de sêmen?...); o possível pecado de, o padre e os estudos, o corpo, a devassidão; nunca completam de uma perdição cobra-cega no paraíso do contar. Que consciência é o divã? Divã de idéias; divagar delas, ah o romance como fio de meada, fio de Ariadne, olhar enviesado, tirar de véus, entrecortar, contando, entrecontar, cortando, pinceladas mágicas de ternura, sensibilidade, como se tudo entre quatro paredes, o voyouver, e vai por aí o bolero-(tango-)mixórdia da contação. O castiço a rapariga, o mortiço dos ambientes propositalmente turvos, e o sexismo, o amor e o pudor. UM, o Romance de Geraldo Lima poderia também se chamar Inferno, fosse invocada a consciência como narradora. Tudo bem, é o espírito que ama o espírito, antes do corpo amar o corpo... isso, nas fáceis vidas difíceis, mas, entre uma sedução e um seminarista, tudo ralhado, há bulhas e cismas. Periga ver. Sentir, chocar com o olhar do que conta o vai-da-valsa, com um medo-coisa, uma solidão-embuste, uma aparência que, sim, engana. De propósito?

Depois que conhecemos o amor, em que lugar (de nós) deixamos as asas? Extremos e lumes. Sangria desatada a... de novo, consciência... repigando sentimentos e ressentimentos. Tudo a ler.

Que cenário é a mente, a casa, a história, lugares nenhuns, todos os lugares? Paulo tece os momentos que passou com Ana, a quase fêmea-fatale (não são todas?), a mulher-aranha com quem morou por algum tempo. Fala da amiga Ariadne, tece acontecimentos e pessoas como referências de vida de passagem. E há o padre Artur, que lhe foi uma espécie de mentor. Com o autor caímos na redoma de vidas, além, claro, de uma sua experiência transformadora que nos leva a reflexões ora incabidas, ora insabidas, ora sagraciais. Sim, meus irmãos, cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é, e o que não é. Cada um sabe de que luz faz cruz, de que devaneio faz sentimento, de que santeria interior faz nau insensata, de que atitudes impróprias congela momentos, visões, prismas. Escrever é colocar dúvida em nós mesmos, a partir de olhares novos sobre frinchas revisitadas.

UM é isso: um romance sempre no começo de uma relação que é posterior e anterior ao seu tempo estagnado, mas que viça pela palavra, se alonga, debulha, questiona, avalia e até trinca intenções. Há entrelinhas no ler...

Que milagre é amar e escapar ileso? Escrever é lembrar, lembrar é escrever/ascender (e acender velas na solidão de uma alma em conflito). Depois que um corpo conhece outro corpo, fugir é mergulhar nele, mesmo que seja num palavrear confeitos, contrastes e ramificações do verbo sentir. E pensar é sentir com a alma. A carne é fraca, meus irmãos, o Romance UM foge do cepo da consciência, para cair no labirinto das confrontações. Um romance e tanto. E atual, moderno, nesses tempos em que uma igreja decrépita mostra as vísceras, em que a nódoa da historia nela depositada é remorso, e em que os que passam pelo genuflexório têm que rezar defeitos, lamúrias e resignações de fugas ainda não depuradas. Há um Deus? Periga ver.

A correnteza da narrativa é o contra-fluxo do medo de amar até a página tal, o lado b do que se passou. Há coisas no ar. UM é apenas o começo do zero ao infinito. Tudo pode ser, como também não. Tudo pode ter acontecido, como pode ser um delírio bem orquestrado entre o que houve e o que se coube na relação até o limite do provável.

A mão que oferece a maçã, oferece o delírio do corpo, da carne, do afeto trocado. Amou tem que rezar? A cartilha do amor é o corpo do êxtase levado ao destempero. Amar e sofrer. A corrupção do corpo. A delação da mente. Turvamos o historial para sentirmos a transparência de nós mesmos? Mia Couto dizia que a melhor maneira de mentir é ficar calado. E narrar o questionável? Si, sem o prazer não podemos parecer humanos. E o humano em nós desmonta o falso-sagrado em nós. Escrevemos para medir o destino, ou o amor é um erro?

Geraldo Lima é professor de literatura, e conhece do oficio de romancear. Tem outras obras, alguns prêmios, retrata as relações humanas levadas ao extremo, entre o zelo, entre a mancha; do achado entre o perdido, das neuras e dos perigos letrais das relações amorosas, feito um discurso da posse de, da libertação de, dos atropelos de.

Amar se aprende amando, diria o poeta. Há muita poesia no Romance UM de Geraldo Lima. Ler a obra é desnudá-lo. Ficamos cegos de tanto sentir, ou ler é tirar as tintas e panos do que ele conta, para sentirmos na pele que o livro vai além da experiência mística que inventa de contar?

Que hamster é o ser humano para o suplicio do conviver entre desiguais? Primatas querendo ser divinizados experimentam os horrores das contundências.

O Tibete talvez seja descobrir o humano em nós, depois que passamos tanto tempo no piloto automático da vida infame. E aí entra o amor na sua mais pura devoção, mesmo que paralelo ao medo do fotógrafo que retrata em nós a entrega despudorada, o inominável da submissão à carne, a tarja preta e o código de barras feito sermos todos nós ainda e assim, por isso mesmo o Número UM, introspectivo ou não, daquilo que sabemos de nós, entre o defensor e o algoz, a consciência e a circunstancia de.

O escritor é o que, com uma lanterna, procura o número que somos, que parecemos, que multiplicamos em silêncios, palavras, moinhos de ventos, filtrações e sagradas escrituras. Sagradas?

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Silas Correa Leite – Poeta, Ficcionista, Resenhista
Autor de CAMPO DE TRIGO COM CORVOS, Contos, Editora Design
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Escritor Geraldo Lima







segunda-feira, 5 de julho de 2010

SAMPARAGUAI, Regurgitando Roberto Piva






Samparaguai, Regurgitando o Escárnio


E para que ser poeta em tempos de penúria?

Roberto Piva

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A grande metrópole de Sampa entregue a tantos demônios
De máfias e quadrilhas do crime organizado paraestatal
(Inclusive o miolo formal das privatarias, privatizações-roubos)
Pela falsa lei de oferta e procura com subornos no entorno
O mercado-cadela parindo monturos de rejeitos sociais
O narcocontrabando informal e os new-richs da terceirização
Prostitutas, travestis, e os excluídos sociais entre favelados
E marginais baratos rendidos ao jogo de aparências e ao crack
Na cidade grande o núcleo do charco iluminado pra consumo
Entre estátuas e cofres e restos de seres entre tantas vendas
A consciência-formiga querendo o açúcar das noites efêmeras
Entre a tecnologia cabritada e a sensibilidade hollywoodiana
Numa augusta sampa que cria modelitos para o resto do Brazyl
Embrutecida urbe de escarros e dejetos entre abraços de palhas

Totens, bancos, catedrais - e parasitas de todos os estilos
Personagens bizarros, decrépitos; revistarias de novidades sórdidas
O álcool-íris das cirroses letrais como furos de labirintos e panelas
Arames-fariseus, lamúrias com discórdias consentidas
E jugos superiores no status-quo a preço de vidas descartáveis
E a cidade grande feito Samparaguai sitiada entre guaritas
Pelo cinturão verde da muamba chinesa entre parasitas
E o dólar neoliberal do neoescravismo inconsequente

Tabletes de felicidade química em pó marmóreo sulatino
Ah Geração Teflon que esquenta mas não quer aderência
Cérebros-barrinhas-de-cereais com esquisitices exóticas
O bordel excelência da Avenida Paulista de liberais escrotos
As máfias da expropriação et caterva por atacado
Os cérebros nanicos de aluguéis gerando lucro com a fome
As proust-trutas de uma peregrinação miserável para a sobrevida
O câncer social via Pinóquio de Chuchu e outros leprosários
Tudo um gigante Carandiru a céu aberto com bandeiras do Brasil

Os beco-hambúrgueres ardis, estacionamentos-cidades hostis
Os guetos-tubainas, cortiços e a sofrida periferia S/A
As oxige-nadas da alta sociedade num podre pop-star
A tevê que esconde a senzala mas se mostra cloaca
O governo paralelo do crime organizado nutre e viça
As propinas estatais pró-partidárias de tucanos insanos
Professores ganhando salário de mendigos na exclusão proposital
Quadrilhas em praças de pedágios entre brucutus fantasmas
E o cogumelo do self; a sopa de egos-bandeirantes, assaz sina
Tudo putrefetado em modus operandi ordem e progresso
A nova mpb que não é nova não é popular e não é brasileira
A cultura pindorama miojo-nojo de almanaque de ocasião
A sazonal oposição caça-níquel à república de Brasília

Os operários da web com barrrigas de tanquinho e links dúbios
Na esquina da Ipiranga com a São João a máfia dos transportes
E Samparaguai prevaricando improbidades públicas
O minimo estado cínico corrupto e inumano e amoral
O patê de víboras na sala vip das autoridades histéricas
O som jeca com grife, na orgia pagã-pirata, a elite branca
O cadafalso do rodo-anel que foi um tremendo roubo-anel
O cassino estaiado superfaturado para agradar a gregos e baianos
Sociedade hipócrita de sampa e seus universos paralelos, primatas
A midia-nódoa, o crime de obras inúteis sem castigos sonhados

O lucro fóssil, o poder camarão, os caras de pau
Marginais engabelando capos de surubas com erário público
As tecnologias de cipós entre regimes de exceção e arbítrio
O turismo lepra, pedofilias e tráfico de influências sistemizadas
Ongs de araque em campus minados de consciências com glosas
O centro velho entre velhacos de porões e arranha-céus decadentes
Nas periferias mutantes com machadinhas de raps mandorovás
As tetas do capitalhordismo americanalhado e circo e pão e brioches
Descarregos-pivôs entre o boi-bumbá e os migrantes com ódio-ópio
E os orientais chegando... chegando... para o futuro chino-brasilis
Depois do afrobrasilis-tupídavidico e suas orgias natividades...


Os nóias filhinhos de papai em clãs falsos como notas de três reais
Os seres-reses em situação de rua - não constam em estatísticas
O morumbi (se gritar pega ladrão não fica um na geografia-beronha)
As importações insensíveis e o medo de mudanças que mudem mesmo
A mágica do dezelo público impune re-elegendo quem rouba e diz que faz
Discórdias sindicalizadas com pelegos no flanco querendo levar vantagem
Caras pintadas subjugados com medo da cota dos negros aos brancos
Condomínios sitiados por favelas, enchentes e ladrões de faróis
A Máfia do Lixo em contratos que cheiram mal e se consumam

(Trombadinha é a fome)

A bela prostituição generalizada de grosso calibre
As pegações-ping-pong dos estábulos entre jecas e rodeios criminosos
A manada de parangolés embrutecidos pela cidade desmiolada
Futebol-marionete entregue ao deus-dará da lavagem de dinheiro
A antimateria, a antipoesia, a marginália querendo gangrenar miolos
Tecnologias efêmeras, assédios de consumos em amebas com grana
Uma espécie de sub-rota para uma fuga em massa pra Miami-Esgoto
Alckmin, CPIs abortadas, bem parecendo um genérico de Collor-cover
O ladrão municipal e o ladrão estadual no mesmo antro cordial
Criticando uma Brasília federal com seus asnos e seus sonhadores
A justiça caolha e canalha de uma elite sem pudor em falsos credos
A imprensa marrom de um caostólico que cheira a formol
O padre-circo, o pastor-bunker, o espírita flanelinha num bat-macumba
E os jumentos da espécie entre universiotários e o sertãonojo
De brasis gerais em sépias de gruas entre o cimento armado

Os demônios do lucro amoral, riquezas injustas, propriedades-roubos
Lucros impunes - e os emo – ai de ti paulicéia desvairada
O rei rói a roupa do rato do maracatu atônito
Alguma brega parada suspeita, ou balada ou rave
O luxo-fusco: compram e gastam para saciar rebeldias inócuas
Lexotam: tomam coke zero e arrotam poses com flatulências sonoras
As tetas da vaca sampa suga sangue suor e a alma
De crianças e jovens, entre grades e aparelhos no dente como gps

E somos todos engabelados pelo corvo do consumo vil, na volúpia
Um Samparaguai sujo pela marginália de tantos num cardume
Entre fracassos-drops e casagrandes de oprimidos

Não conduzimos: somos conduzidos

Basta ver

No poder

De terno, gravata, túnica, toga, farda

E colarinhos brancos, os bandidos!


-0-


Silas Correa Leite
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago Nobel dos Lusonautas




S a r a m a g o
(18.06.10)


“O mundo existe para terminar num livro”
Mallarmé

Morreu Saramago
Em seu mundo nunca dantes navegado
No entorno de lágrimas de Portugal
E muito além do chão letral dos lusonautas
Numa intermitência telúrica
Morreu Saramago
O criador de um verbo alumbrado
Sua literatura esplende, arrebata
Num mundo globalizado – e insano
Muito além de seu tempo
Morreu Saramago
Entre seu palavrear de luz e sangue
Densos Tejos que ainda rebrilham
Em lágrimas que verteram seu espírito
Procissão de excluídos
Morreu Saramago
Que nos viçou em língua mátria
A sociedade sórdida: e o que somos
Ovelhas perdidas de uma manada
Contra o qual lutava...
Morreu Saramago
O ser humano historial, o homem bandeira
Que na mão esquerda ainda tem uma roseira
Que dá flores rubras a vida inteira
Levantado do chão, nos ares

AINDA VIVE SARAMAGO!
-0-
Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras, São Paulo, Brasil
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Os Poemas de Oleg Almeida, Neohedonista Tropical





Pequena Resenha Crítica

A Portentosa Poética Neohedônica-Tropical de Oleg Almeida, no Diferenciado Livro de Poemas “Memórias dum Hiperbóreo”


“... A ironia é o meu último refugio... ”

Gregório Bacic, in, Olhares Plausíveis




Por todos os Deuses! A poesia de Oleg Almeida tem uma vertente neohedônica-tropical que arrebata. A lira-delirante de um viajoso-peregrino, por terras do além-longe, onde ele se impregna-clarifica de um lirismo-neohedônico que capitula telúrico em terras afro-tupí-davidicas. Será o impossível? Pois é! Hiperbóreo, do título, vem de como os gregos denominavam um povo que segundo eles moravam acima do vento norte. Pois um bielo-russo, o autor, Oleg Almeida comprou o mote e empreendeu viagens feito uma espécie assim muito bem agregada de gregonauta em terras brasilis gerais, tabuleiro-mosaico em que se cantando tudo há.

Memórias-derramas? Devaneios-fugas? Exercícios de libertações? A arte como fuga-tronco? O Parnaso é o lugar que somos-estamos-permanecemos? Que vento varre as hélices da alma quando nos defrontados num descaminho do longe, se não sabemos que lar nos habita e que propriamente lar somos e estamos? Devaneios de sensibilidade. Alimentamo-nos de nossas neuras e as transformamos em versos e pólos rítmicos de versações?

Que Estação Nada é um porto-lei? Remos em ventos: poemas. As aventuras ins/piram versos... Holderlin, o mágico de Hypérion no vestíbulo da prisão em que foi posto e condenado, acusado de loucura, quando exibia o mais alto grau de lucidez: “E no entanto tu brilhas, Sol! Terra sagrada, não cessas de reverdecer, o fluxo das torrentes escorre ainda para o mar, e no calor do meio dia a sombra das folhagens murmura ainda!”. Mares nunca dantes navegados? Por que mares, lares, bares e ares, segue a fluidez louca de Oleg Almeida?. É difícil ancorar um navio no espaço, disse a poeta-suicida Ana Cristina César. Qual é a filosofia vivencial de Oleg Almeida? Aí tem poesia. Ai de tida vida errante!

Poemas-crônicas, poemas-romances, retratos raros, poemas-historiais, poemas quadros cênicos, poemas e a paleta do olhar do criador trans/figurado. Que viagem é dar esqueleto estético a versos que ganham molduras em vidas, cores, tintas e panos, sentidos e consistências, a poética-texto que proseia o mar lusco-fusco entre a poesia propriamente dita e as memórias nem sempre tão doces, mas vertentes verdejantes de um ser como que, enclausurado numa dor lancinante, quando se purga a escrever o derredor delas, antes, depois, e, pior, dentro delas: eis o livro. Para Holderlin, como para os gregos, um Píndaro, por exemplo, a arte é artesania. É o chamado mechané dos poetas antigos que Oleg faz macadames de idéias-poemas, de situações-conflitos-poesia, de narrações-poéticas que criam fundos, ermos, variações, dimensões que a leitura mergulha, bebe, rende harmonia. A poesia é exigência, diz Saint-John Perse. Pois no caso de Oleg Almeida é exigência de contar, narrar, descrever, arrancar, criar-se ainda assim da memória, verter-se, dar o que pensar em seio, berço, eio; e pinturas com magnífico nuance novidadeiro de punho e cunho clássico.

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“Olhai, Senhor, para mim
Com vosso sorriso bondoso e complacente.
Dai-me um pouco de luz olímpica;
Perdoai a vontade insana
De ler o final da historia, antes que seja escrito
DE quebrar, com alarde, a casca de noz sagrada
E comer o miolo
De penetrar o impenetrável”

(in, pg 10, Poema Numeral UM)

Essa é a poética de Oleg Almeida talvez neohedonista. Delirante. Delirante?. Melhor: assustadoramente poética, viajosa, fora do normal – se é que normal quer dizer alguma coisa – sem títulos; numeradas, como páginas de rostos, capítulos de uma mesma epopéia a criar diários, registros, delações, visões, com/figurações. O molusco tirado da concha em bólides e desafios faz-se homem no escreViver... Hiperbóreo...

E trabalha o verso que uni-(verso), o longe, o perto (o dentro), mais, a chaga do tempo, como se quisesse estar onde não está, e quisesse ser o que não pode ser, ou se quisesse escrever-se para refazer-se e incluir naquilo que lhe foi tirado, talvez o vento-tempo: “O tempo nos mata – Não a pauladas(...) mas à sorrelfa/Com rugas, doenças e cartas de despedidas/Pouco a pouco.” O tempo e suas cartas náuticas-poéticas. Navegar/Escrever é preciso, existir não é preciso?

“O azul foi a cor da infância
Do lépido céu que servia de teto(...)
Dos olhos de minha vó
Das histórias por ela contadas(...)
Foi o azul do menino(...)

(pg 21, in Verso V)

Assim é Oleg Almeida. Narrador-contador(cantador) que veste a roupa do que pensa, inventa, sente, e isso dói. Escrever é derrubar paredes? O Poema IX é lindo! Fragmento: “Do dia em que morreste, meu velho(...)/De capa branca, imaculada, e de sandálias pretas/Que nunca usarás em vida/Tu foste embora/Seguindo o caminho que todos os homens igualaria nos seus direitos/O da eternidade.” (pg. 39). Alexandre Dumas, em suas Memórias, dizia que era um menino entendiado, entendiado até as lágrimas. Quando sua mãe o encontrava assim, chorando de tédio, perguntava-lhe: -E por que é que Dumas está chorando? Então o menino de seis anos respondia: -Dumas está chorando porque tem lágrimas.

Os poemas hiperbóreos são as lágrimas hedônicas-tropicais de Oleg Almeida em peregrinação pelo mundo que re-descobre a cada ver-se? Ei-lo exatamente nu e lacrimal in versus: “Cheguei e, no meio do desespero/Vi todas as coisas, que conhecia desde o berço, ilesas/As flores a recamarem o teu sepulcro eram bonitas/O vinho tomado para coibir os prantos, gostoso/A lua recém-nascida, amarela/Mas tu não vivias/Ou tinhas entrado, talvez, nessas coisas/E nelas te radicarás/Virarás crepúsculos, raios e sons/Integrarás a natureza/Em cujas feições delicadas, daí para a frente/As tuas se encarnariam.” Bravo! Quadro cênico de pura poesia, a mortalha cênica de um olhar sensível-dor. As perdas (as ausências) alimentam sensibilidades lírico-meditativas que soçobram entre rumos, remos, resmas, iras e criações desta ordem. Que pátria é a infância? Que poesia é nossa cara-pátria? As caras e as coragens (e as fugas-devaneios) do mundo:

“O mundo de hoje não se parece com nada(...)
Aliás, eu também nada tenho de grego
Tirante meu hedonismo mal-sucedido
E as questões
Quem sou eu? Donde venho? Aonde vou?!
(pg. 67 Verso XV)
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Ítalo Calvino dizia: “Entre os valores que gostaria que fossem transferidos para o próximo milênio está principalmente este: o de uma literatura que tome para si o gosto da ordem intelectual e da exatidão, a inteligência da poesia juntamente com a da ciência e da filosofia(...).” Oleg Almeida é um caótico itinerante? Já o dramaturgo e poeta Antonio Miranda diz que toda poesia é impura (...) e instaura-se no caos do qual não pretende se libertar... E sobre o escritor Oleg Almeida, o literato Antonio Miranda se manifesta verdadeiramente profético-poético: “Surpreendente o domínio da língua portuguesa por um poeta eslavo! Degusta as palavras e os sentidos em poesia que lida com a prosa, de forma direta, confessional, sutil mas, ao mesmo tempo, incisiva. Aposto no talento dele.”

Feito um Homero querendo voltar para casa, Oleg Almeida procura o que se pode chamar de seu – entre sangue, suor e criação - de casa (o que se pode chamar de lar?); lar, lugar, estar, ser, origem, raiz, talvez despertencimento - ele mesmo a sua própria casa-lugar/ser, o próprio caminhar (fazer a casa), assim luz e lágrima – e verso. Zeus ajuda quem cedo se aventura? O tempo o que é? Tempo-palhaço (até no circo das idéias poéticas), ladrão de mulher, ladrão de nós mesmos, acima dos ventos, das peregrinações ilusórias, dos ícaros, quando o próprio farol de Alexandria pode ser apenas um ponto de exclamação acima das nuvens-ventos, indicando idas e vidas como lugares nenhuns, o ser feito vinagre na peregrinação como alma-andaluz. O lar divino é aquele em que nos deixamos; lastro e rastro, estrelas e trilhas, ilhas e edições de. Vinho, chocolate, recordação, prazer, status paradisíaco de ser-estar-permanecer-continuar!. Carpe Diem. E Poesia, claro, porque Oleg Almeida, filosófico e lingüístico, feito um novo Odisseu pós-moderno (e pós tudo?) faz a sua própria diferença: aventurar-se. Eis o repertório no verbo VIVER se encantando no umbral de novas ilíadas vivenciais e parnasos boêmios consagrados a Orfeu. Colocando poemas-viagens no poetar as buscas de si mesmo, hiperbóreo. Escrever é compor a solidão de poesia/Para ter companhia? Ah a dura viagem de existir! Não somos todos Ulisses?

-0-

Silas Correa Leite – Escritor, Membro da UBE-União Brasileira de Escritores, Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Conselheiro em Direitos Humanos

Autor de Porta-Lapsos, Poemas, e Campo de Trigo Com Corvos, Contos, a venda no site
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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Bob Dylan, o Blues-Man da América Agônica






Bob Dylan, o Maldito Blues-Man Rompendo Sombras e Escuridões


(Improviso para uma Crônica-homenagem)


“Quando ouvi Bob Dylan, pensei:
Então ainda não chegamos ao fim da linha...”

Allen Ginsberg, Poeta dos Beatniks



Robert Allen Zimmerman do Minnesota, oeste Americano, judeu peregrino que cantou suas marés altas e baixas, violão e gaita de boca, alma desterrada do Mississipi, poeta denuncista, humanitário, louco sonhador, chuva varrida pelo vento. As pedras rolarão. As chuvas cairão. Com ele, Bob Dylan, os loucos reaprenderam a sonhar.

Um mito dos Anos 60/70/80/90... E não existe outro. O maior poeta da rica música norte-americana. A verve de Faukner, era determinado e destemido na sua sozinhez de tímido gritante, válvula pulsante, gigante. E nunca lucrou muito com seus trabalhos. Lenda vida, espírito-que-anda do rock, subiu, desceu, foi ateu, cristão, judeu, mirabolante experimentou tudo o que pôde para permanecer ele mesmo, carne e coragem.

Hippye pop com sua metralhadora musicoletral, atacando as guerras lucrativas-infames, contra elas todas, os podres poderes; fugiu de armadilhas e não se assinou dono da verdade, qualquer verdade-vaidade. Não aceitou becos ou guetos, bandeiras. A contracultura não como cofre cheio, mas com seu ascoletral contra totens. Poesia nas letras, obsessão, sarcasmo, regurgitando o que via, fio terra, sacava – a realidade é um revólver quente, (parafraseio The Beatles) - cantava, lia, ouvia, sentia e declinava para permanecer mutante, música braba na corrente sanguínea.

Trabalhava a língua-linguagem. E profetizava enquanto poeta do caos (e pré-caos ou pós-caos) arrancando do enraizado country-folk puro e simples para fazer escalas e escolas, cifras & partituras. Escrever sobre Dylan é um perigo. Benzadeus. Rios, braços, correntes, nosso capitão. Inspirado nele faz tempo escrevi Negredos:


“Negredos e Correntes” (Poema)


Libertar, eles libertaram, pelo menos no papel entre moinhos e arados/
Mas se indenizaram; indenizaram os escravocratas de roubos vezeiros/
Em vez de nos indenizarem; à nós, os trabalhadores afrobrasileiros/
E de alguma maneira ainda estamos a uma coivara Acorrentados/
Os pés presos a terra, os tornozelos, os braços, os punhos cerrados/
Os olhos viajam, a mente abstrai e o espírito nos traz de longínquos degredos/
Mesmo que na nossa negritude de amalgamados/
Sejamos agora os Negredos/
Pobres Negros abandonados/
Depois de levas de escravizados/
Temos nossas memórias, lamentos, banzos e medos/
Dos filhos deste solo de mestiços com seus forcados/
Mas os olhos, a boca, os sentidos, as mãos, os dedos/
Ainda gritam contra os dezelos sociais deste Brasil de acorrentados.

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Nunca teve um sucesso dando lucro em primeiro lugar no hit parade. Não se deu lucro como seu meio. Influenciou Caetano e Belchior, o que por si só diz tudo e mostra a grandeza de ter sido o que foi e é & sempre será. Alma bem alimentada de raízes. Um branquelo judeu cor de mandioca vassourinha descascada cantando musica negra feito um pré-rapper?. A alma! a alma!. Já pensou?

Pretos, pobres, prostitrutas, moradores de rua, lutadores de boxe, gatos pardos, doidos, atirados, todos lavavam a alma no seu cantorio feito um folk-pop-banzo anglo-saxônico norte-americano. A América é um blefe? Deu vida aos miseráveis, feito um Walt Whitman pássaro preto da música em pé de guerra e letramentos contra uma América rica e injusta e amoral. Sentir dói. Testemunha de nódoas cantou-as, pulso a pulso. Um gênio na essência da palavra e também literalmente falando (por isso mesmo) tirou de letra.

Fizeram-no um mito mas ele se humanizou o mais que pôde. Não se perdeu como outros tantos, entre drogas e egos insarados nas insofrências. Não quis aura ou signoficante. Merece e faz tempo um Prêmio Nobel da Paz, da Literapura, qualquer coisa joiada assim.

Seu canto contra a guerra:

SENHORES DA GUERRA
Bob Dylan
"Vós, senhores da guerraQue construís canhõesQue construís aviões da morteQue construís grandes bombasQue vos escondeis atrás de murosQue vos escondeis atrás de secretáriasQuero que saibamQue vejo através das vossas máscarasVós, que jamais fizestes outra coisaPara além de construir para destruirJogais com o meu mundoComo se fosse um brinquedoDais-me uma arma na mãoE escondeis-vos do meu olharE virais as costas e fugis bem depressaQuando as rápidas balas cruzam o arComo o velho JudasMentis e enganaisQuereis que acrediteQue uma guerra mundial pode ter vencedorMas vejo para além dos vossos olhosE vejo para além da vossa menteComo vejo através da águaQue escorre pelo meu cano de esgotoVós preparais os gatilhosPara que outros os puxemDepois recostais-vos e apreciaisQuando o número de mortos aumentaEscondeis-vos nas vossas mansõesEnquanto o sangue escorreDos corpos dos jovensE se mistura com a lamaVós espalhastes o pior pavorQue poderia ser lançadoO medo de trazer criançasAo mundoE por ameaçar meu filhoNão nascido e sem nomeVós não valeis o sangueQue corre em vossas veiasEu sei de muitas coisasPara falar fora da minha vezTalvez me chameis de jovemOu de ignoranteMas há algo que seiEmbora seja mais novo que vósMesmo Jesus jamaisPerdoaria o que fazeisQuero perguntar-vos algoSe é vosso dinheiro que valePara comprar vosso perdão?Se achais isso possívelPenso que descobrirãoQuando a morte vos chegarQue todo dinheiro ganhoNão vos devolverás a alma"
________________________
(Tradução livre de "Masters of War", do álbum "Freewheling Bob Dylan" de Bob Dylan, lançado em 1963, tempo de guerra dos EUA contra Vietnã)
Cortou a carne da América, na sua própria. Era parte branca e opressora dela, como também era filho de imigrantes (russos-lituanos) e sabia a dor da saga, de cada um com sua diáspora, cada ser-ilha com suas mensagens de socorro em garrafas, palavras, sons, enfrentações e enfrentamentos íntimos fechados, ciclais.

Parafraseando o próprio Bob Dylan, quando o ouço, em seu sussurro vento-singer, penso que tudo o mais é sacrilégio e a minha alma voa. Uma forte chuva vai cair?

-0-

Silas Correa Leite, Itararé-SP, Brasil
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Autor de CAMPO DE TRIGO COM CORVOS, Contos, Editora Design
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domingo, 23 de maio de 2010

Pelé 70 Anos, Ídolo de Barro






A Mídia Esportiva e o Ídolo de Barro Pelé, em Seus Setentas Anos

“Pelé jogando é uma coisa.
Falando deveria ter uma
chuteira na boca (Romário)
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-Faz tempo que um ídolo da Mídia Esportiva está envolvido numa série de problemas, para dizer o mínimo, mas a Mídia Esportiva estranhamente o deixa em paz, não provoca um jornalismo investigativo. O Pelé julga-se impune, imune ou a Mídia é suspeitamente conivente? De vez em quando a chamada Mídia Esportiva inventa um craque de ocasião, e lá vai um Kaká da vida pro podium dos disparates especulativos, a ser supervalorado salarialmente, superestimado nos enfoques do meio, e as inocentes torcidas, coitadas, do mesmo modo que acreditavam que o São Paulo Futebol Clube era o melhor time do Brasil, também acreditaram que Kaká era um novo Pelé branquelo com olhar alto-relevo de lambari defumado. Agora que ele já foi vendido pro exterior por alto preço e lá amadureceu, mostrou seu valor, claro, o São Paulo não ganhou nenhum título com ele mas mostrou que além do Kaká que deu certo, por outro lado, Luiz Fabiano e Reinaldo foram, no mínimo, canelas-de-vidro (no bom português, Pipoqueiros - sob pressão de importantes finais), ao mesmo tempo que vem a tona os rastros deixados pelo sr. Edson Arantes de Nascimento, o Pelé, nos suspeitos e exóticos paraísos fiscais. Claro que, a mídia esportiva (agora em minúsculo) deu uma notinha aqui e ali, mas, estranhamente os jornalões e colunistas do meio esportivo nem deram isso como manchete em letras garrafais, pois, afinal, parece que o nosso maior ídolo esportivo tem duas caras: uma, a do craque, para mim, junto com Garrincha, Zico, Sócrates e Rivelino, um dos maiores do mundo. De outro lado o mau empresário que estranhamente valeu-se de laranjas ocasionais, sócios suspeitos cooptados ( entre amigos do alheio?). Inocente inútil ou nem tão inocente assim?Pelé em campo era conhecido como esperto, malandro (até quebrou a perna de um brucutu que caçou seus colegas do Santos), mas - como desculpa, vá lá - não sabe escolher amigos nos negócios, ou, aí que a moeda revela a outra face, saquem o lance, proposital e curiosamente "escolhe" realmente alguns pangarés de caras lavadas, para exatamente dar seus golpes e mostrar que, grosso modo, é mesmo um ídolo de barro, e, pior; a sua personalidade verdadeira é aquela que renegou uma filha porque ela é mais inteligente do que ele, mais bonita do que ele, mais estudada do que ele, e, claro, tem caráter e não se sujeitou ao seu burocrático cerca-lourenço nos trâmites forenses, nem se deixou chapelar por suas pomposas firulas extra-tribunais, muito menos aceitou suas embaixadas de más intenções ou seus ataques de ego ferido em flagrante de comportamentos inidôneos, para dizer o mínimo. Claro que ninguém é cem por cento perfeito. Claro que o futebol no dizer dos hilários locutores e narradores (ou boleiros) é mesmo uma caixinha de surpresa até em jogos de casados contra solteiros, mas, entre o Gerson que fazia o mote publicitário de levar vantagem em tudo; do Luisão que pipocou aqui e ali em vários times grandes, pererecando (como diz o Fiore Gigliotti) sem nunca cumprir contrato in totum com todos eles, e os craques verdadeiramente limpos como Tostão, Zenon e Ademir da Guia, só para citar alguns dos maiores também, há uma grande distância, uma grande diferença. Eu era ainda era jovem de tudo, e fiquei sabendo por intermédio do Jornalista e Promotor Cultural, Paulino Rolim de Moura, de Itararé-SP, no Trombone (imprensa marginal que atacava a tudo e a todos com seu mosaico alternativo de imprensa), as tramóias do ídolo de barro, Pelé, indo e vindo do exterior em suas excursões pouco auditadas, inclusive pelo fisco. E as farinhas(...) encontradas numa vitamina que ele veiculou com alarde e pouca consequência resultante.
Pois o tal tablóide O Trombone publicou esses comentários-denúncias em edições bem distribuídos pelo Brasil todo, e entre governos militares (que fizeram vistas grossas - o Brasil tinha sido campeão no México com Pelé, Dadá, Paulo César Caju e outros), e, por isso mesmo, claro, ninguém quis pôr o dedo na ferida inteira, até porque, diz um ditado antigo, mexer em águas paradas vai trazer o lodo do fundo, e vai sobrar pra muita gente, até alguns emperiquitados totens da mídia e várias sombras palacianas em regime de arbítrio, de tempos tenebrosos. Novamente agora, em tempos de Lula Light e alguma transparência nos três poderes (a imprensa em tese continua antipetista pois é neoliebral, a Polícia Federal já sentiu o fedor das arapucas internacionais tramadas por empresas fantasmas do Rei Pelé, e já tem muitos sócios dele com as barbas de molho, quando não, citando o Elio Gaspari, tungados. Mas, o pior - e esse é o tema central desse artigo-desabafo - são as fanáticas viúvas de Pelé, agora ídolo de Barro, de Milton Neves a outros (e até amigos de ocasião), escondendo esse lado "pouco humano" do Rei, que revela a sua verdadeira cara. E ele, sempre ameaçando jornalistas de coragem que dizem verdades a seu respeito, ou então, Pelé estranhamente foge do país na hora de dar obrigatórias explicações. Viaja. Numa boa vai passear alhures no exterior, para ver tudo cair no esquecimento especulativo, e assim ele poder voltar, de cara lavada, ainda fazendo mídia para remédio contra impotência, como já fez propaganda para vitaminas feitas com farinha de trigo e na ocasião tudo foi abafado, apesar de fartas denúncias nesse sentido.
Quando, aqui e ali, prum "Louro José" da vida (isso é, jornalista-escada pra levantar a sua bola dialética), aceita operacionalizar uma entrevista babaca de ocasião, parecendo maduro, casado com crente, sereno, dando lição de moral ou de oportuna falsa humildade, ele logo posa tranqüilamente de bom moço, mesmo nunca tendo feito nadica de nada em favor de sua raça negra (até a esconjurou); jamais batalhou pelos seus colegas de estrelato (e depois, ocasional anonimato), tendo até abandonado o popular Garrincha em decadência e outros craques de talento quando precisaram dele. Mais recentemente, a melhor filha que teve - de uma relação com uma ex-empregada doméstica negra (como ele poderia assumir isso, se gosta de falsas louras?) - contou o estilo operacional do comportamento dele com ela, fugindo da responsabilidade provada com reiterados exames de DNA. Assim, fazendo o jogo do bate-bola com o repórter marionete, indo ao ar, aqui e ali, uma entrevistazinha, o Atleta do Século se esconde atrás da fama, contra as graves acusações que pesam contra ele, além de processos em trâmite legal e mesmo denúncias de ex-sócios que foram lesados por ele e deram com a língua nos dentes. O homem Edson Arantes do Nascimento é um e o Rei Pelé é outro? Falso. Tudo corresponde a um ícone só. Que virou ídolo de barro, mas, por incrível que possa parecer, do Juca Kfouri ao Flávio Prado, ninguém quer mesmo ir a fundo na investigação, e, é bem possível que, após um levantamento geral da Polícia Federal, algum diretor do chamado Clube dos Treze, fazendo jogo de cena, ou algum sindicato de ocasião comprometido, em conjunto de interesses suspeitos tentem acionar deputados babaquaras neoliberais em Brasília, e tudo acabe indo pro baú do esquecimento, pois, afinal, tem um desembargador e um ministro de tribunal superior aí, campeões em arquivamento de processos contra pessoas importantes e personalidades de destaque de nossa sociedade encardida, com seu fundo falso e histórica caixa preta camuflada no Caixa Dois dos lucros impunes, riquezas injustas, como cantou São Lucas. Por isso cobro que a imprensa em geral, dê a atenção devida e ampla que o caso merece, o enfoque que o fato requer. Por que seria diferente com o Pelé? Não atacaram o Dida por causa do tal passaporte falso? Não reclamaram algumas eventuais suspeitas de maracutaias do Zico no Japão? Não atacaram o Dr. Sócrates quando ele teve uma separação litigiosa? Não colocaram o Campeão Marcos do Ex-Verdão sob suspeita de corpo mole em clássico? Por que perdoar o homem público Pelé então, um ìdolo de Barro? Isso é hipocrisia. Ou falta de ética jornalística na mídia esportiva. Quero esses programas tipos "mesa redonda" do Cartão Verde ao Terceiro Tempo, mostrando a verdadeira cara de um rei que não está com essa bola toda, principalmente fora do gramado.
Até porque, se dentro das quatro linhas ele foi genial, por outro lado, realmente seus negócios deram com os burros nágua, e ainda tem muito podre para vir a tona, quando, então, finalmente o mito cairá definitivamente por terra. E será um golaço da imprensa investigativa, denunciadora, imparcial. Para o bem de todos e a felicidade geral da Verdade propriamente dita.


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-Silas Corrêa Leite, Poeta, Educador,

Santa Itararé das Letras

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