sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Poema do Álbum de Figurinhas da Infância








Álbum de Figurinhas



Ai que saudades que eu tenho
Dos meus álbuns de figurinhas de coleção
Que eu cuidava todo trancham, todo pimpão
Quando guri lá em Itararé
À sombra do lar and jazz
Que os anos não trazem mais.

Bolinho de piruá, capilé de groselha preta
O pai floreando o acordeão ou a clarineta
Eu com gibis do Tarzan ou do Flecha Ligeira
E o álbum que devidamente preenchido dava de brinde
De bola oficial de futebol a panela-de-pressão

Com meu belo ki-chute pretinho
Tomava crush de canudinho, e de boné
Jogava bate-bafo na rua descalça e rapelava
A petizada pidoncha da periferia de Itararé.

Um dia chorei de montão
Porque por mais que a vida por bem ou mal ensine
É a frustração na infância que a desilusão define:

-Deixei de ganhar uma bola da capotão
Porque na minha bendita coleção
Faltou uma figurinha carimbada do Belini.

-0-

Silas Correa Leite – E-mail:
poesilas@terra.comr.br
www.itarare.com.br/silas.htmPoema da Série “Eu Era Feliz e Não Sabia

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DEIXEI MEU CORAÇÃO EM ITARARÉ





Deixei Meu Coração em Itararé


Eu posso ir para qualquer lugar do mundo

Uma paisagem bonita, montanhas, ou oceanos

Mas se não estou na minha aldeia Itararé

Então não me sinto dentro do meu próprio coração

Ah meus amigos viajosos

Deixei meu coração em Itararé

Num cristal de lágrimas de luar da Praça Coronel Jordão

Ali é meu ninhal, meu mundo

Só em Itararé sou uma verdadeira Andorinha

Eu posso ir para qualquer lugar do mundo

Ver estátuas e cofres, novidades maravilhosas

Mas Itararé está na minha corrente sanguínea

Só na minha terra-mãe reconheço auroras e prelúdios

Ah meus amigos boêmios

Deixei meu coração em Itararé

Cada paralelepípedo como cacau quebrado da cidade, sou eu

Itararé é o meu encantário

Meu reino mágico, palco iluminado, constelação

Ah meus amigos do mundo

Quem não está em Itararé está vazio de si mesmo

Minha mãe, meu chão de estrelas, minhas memórias, meu lar

Feliz é o peregrino que tem um céu para um dia poder voltar!


Silas Correa Leite



POEMA DO GURI VENDENDO LIMÕES








Poema do Guri Vendedor de Limões

Lá vem o guri berebento
Vendedor de limões verdes
Com cracas, com amarelão
Ele é triste, humilde, desenxabido.
-Vai comprar limão, Dona Carlota Sinhá?
-Quer limão, Profetio? – pedimplora o piá.
O guri tem olhos lambidos de boi guzerá
Mais triste do que ele em Itararé não há.
Devem bater nele de relho, coitadinho
Deve passar uma fome caipora na sua vidinha
A acidez da fruta que vende baratinho
Nem lucro direito dá
Mas deve vir de sua alma de bala azedinha.
Não sabe o curumim, no seu triste enredo
Porque é apenas um moleque aprendiz
Que a maior vingança é ser feliz
Mas certamente ele descobrirá o segredo.
O olhar do menino pobrezinho é da cor
Dos limões azedos que vende
Mas as lágrimas, coitadas
Jamais darão limonadas.
-0
Silas Correa Leite, República Etílico-Rural de Itararé
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
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Forfé do Pião Rueiro







Forfé de Pião Rueiro


A madeira na mão um toco de imbuia cheirosa
Pedindo pro Jora da Marcenaria Estrela tornear
O pião pra jogar com a gurizada na rua descalça
Que a fieira tinha tirado de uma cortina de casa

O Seu Jora só perdeu um instantinho-prosa daí
Surgiu o pião rombudo qual coxinha de frango
Marrom lixado e um prego sem cabeça na ponta
Pro bicho correr doido como a bailar fox-trot

O pião na mão e o movimento no colo da idéia
Rua cheia de piás guris moleques curumins até
O sol de Itararé rachando revólver de mamona
Gibis do Flecha Ligeira na mão e tarde ardendo

Então a fila pra assistir a inauguração do pião
O coração tamborilando rabo de olho na mira
Enrolei a fieira na bundinha do pião maroteiro
E fiz panca de Burt Lancaster depois da maleita

Soltei o pião lazarento (que apelidei de Garrincha)
E ele foi de bubuia e fez reviravolteio na Rua Capilé
Foi um deus-nos-cudas dos guris serelepes torcendo
Pro meu pião querido ir de vareio no rio da bosta

Mas o caipora lazarento fez fricote zumbiu e parou
Na minha mão direita como uma roseira de brincar

Eu era criança e Itararé tinha uma barulhança pueril
Cresci virei peão de pegar no batente e fazer poemas

-0-

Silas Correa Leite – E-mail;
poesilas@terra.com.br
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(Poeminho da Série “Eu Era Feliz e Não Sabia””

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Poema do Dia do Aniversário (19.08.52)





Poema do Dia do Aniversário (19.08.52)

“O homem sofre por viver na solidão,
impotente diante dos obstáculos,
condenado à espera inútil e aos
desejos eternamente insatisfeitos.
Nenhuma magia o liberta de seu
destino trágico(...)” Ivan Marques


Faço anos, como quem morre.
Uma pessoa como eu, não faz anos, dura.
Fui feito de sangue, suor e lágrimas
E assim vou me levando, sem lenço e sem documento.

O dia do aniversário da gente
É o dia mais triste do mundo
Deixamos a seguridade do planeta placenta
E viemos dar no inferno da terra, a escória do espaço.

Longe de Itararé, da casa da mãe
O mundo é cainho, uma mixórdia
Tento sobreviver nem querendo parecer humano
E me fujo na poesia, no escrever diários de abordagens.

O dia do nascimento de uma pessoa triste
É como o dia de sua morte, no devir
Nada antes, nada depois, somos o nada
E escrever sobre a espécie é aprimorar técnicas de vôos.

Agosto é um mês de lunáticos e lobos
E sendo eu um poeta que perdeu a infância
Corro-me criança por aí a escrever matizes
Tentando na poesia ter um mundo imaginário, além-luz

Faço aniversário como quem morre, como quem sobrevive a vegetar
Longe de casa, longe da mãe, de Itararé, de mim; do meu próprio estar
O que eu sou é meio lobo, meio criança, meio terráqueo a se procurar
Apontando para uma ilha no céu e pedindo resgate, socorro, Lar.
-0-

Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
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Poema da Série “Na Casa do Pai Há Muitas Geladas”

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Chuvas, Poema




CHUVAS (Poema de Silas Correa Leite)


Algumas vezes existi./Algumas vezes tomei chuva./Mas quando tomei chuva eu me senti um átomo da água e ali/Fui rio, nuvem, relâmpago, açude, cisterna, foz e quase voei./Porque tomar chuva é integrar-se à natureza, ser parte dela/Conjugar o verbo haver no sentido mais pleno de seu assento/Eu a chuva - e até algumas lágrimas de alegria, êxtase e contentamento/Como se a minha alma-árvore se lavasse por dentro.../E fui chuva e guri e mar e senti minha alma flutuar numa nuvem-nau/Porque eu era a maravilhosa Chuva naquele bendito magno momento/Então a chuva me reconhecendo como parte dela (que o meu espírito o é)/Parou de ser peneiradinha naquele tardiscar cor de rosa-pitanga em Itararé/E o lírio-laranja do sol se abriu de novo e eu me vi ali/No fio-terra, o guri/Angelicalmente de alma lavada/Pronto para enfrentar a cara amarrada/Da vida distante que em busca de mim mesmo a peregrinar escolhi.

(Silas Correa Leite)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Poema Pro Aniversário do Solda





Parabéns (Cantata de 22 de Agosto de 2008)

Para Luiz Antonio SOLDA


“Cada um sabe a dor e a
Delicia/De ser o que é...”

(Caetano Veloso)


Parabéns, a gente não dá todo santo dia
Pra não ter festa o tempo todo e a gente comer tanto e engordar
Mas que é bom e se fosse possível a gente diria
Porque a companhia é a própria alegria de ser e de estar.

Parabéns, a gente dá com prazer e harmonia
E até canta, bate palmas, faz palhaçada e ri tanto para mostrar
Que a amizade é de quem ama, respeita, confia
E o prazer se anuncia na bela alegria de tanto abraçar

Parabéns, é como música, benzimento ou poesia
Risca fósforo, apaga vela, faz piada e todo mundo quer levitar

Pra dizer pro aniversariante que a gente o aprecia
E ser amigo é serventia de poder todo dia comemorar

-0-

Silas Correa Leite
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pára de Dar Desculpas Para ser Infeliz





Páre de Inventar Desculpas Para Não Ser Feliz


“A tua piscina está chia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos...”

(Cazuza, O Tempo Não Pára)


Tem gente que não se acha mesmo: e nunca aprende. Vive bolando desculpas para ser infeliz de carteirinha, como se houvesse um “banquinho de infelizes” e ele estivesse ali procurando calma pra se coçar, querendo holofote, piedade, mas sair da inércia que é bom, nada. Como se trabalhar muito e estudar muito doesse, fizesse mal. É o seu caso? Páre de inventar desculpas esfarrapadas para ser infeliz! Ninguém merece isso. Vá a luta, saia cedo de casa, volte tarde, agite finais de semana (faça bicos), faça cursos nas férias, enfim, não use os sinais que a vida dá para você sair da inércia, pra você ficar alerta e correr atrás, para ficar aí sentado à beira do caminho, vendo os vitoriosos passarem, até porque nada cai do céu e nada nos é dado de mão beijada. Já pensou? Que qué isso, companheiro?

Origem pobre não é desculpa. Pais bravos também não. Deu tudo errado porque você “leu” errado os sinais de peregrinação? Santo Deus. O que você quer? Que um anjo com espada venha ameaçar cortar suas amarras burras, indicar o caminho do céu, se você mesmo sendo um milagre da vida não quis pelo seu próprio suor, trabalho, esforço, lágrima e sangue, ser também o milagre de um baita sucesso? Onde já se viu isso? O que você quer, não fazer nada, não ser nada, e ainda levitar?

Páre de procurar pêlo em ovo. Não se enxerga? Tem cabimento. E difícil mesmo. Nunca foi fácil pra ninguém, não seria pra você, cara pálida. Tem gente rica estudando, fazendo a terceira faculdade, para continuar rico ou não perder as coisas que conquistou, e você que na verdade não tem nada vai ficar fazendo o quê, querendo tudo “de grátis” sem nunca ter pensado sério sem sair da moleza e encarar a barra pesada de viver? O estresse, os olhos vermelhos, a bruta correria urbana de cada dia, o corpo cansado, as mãos com calos, tudo isso é sinal de GUERREIRO na Luta. O fracasso engorda, dá baixa estima, depressão, atrai coisa ruim e daí pra você ir pro bebeléu é só um passo. O que você queria, conquistas sem glória? Posses sem esforços, ajuda boba pra fazer de você um falso vencedor, um falso cidadão contribuinte?

Dormir o dia todo leva ao pesadelo do fracasso. Ficar acordado assistindo a infame e boba televisão só dá moleza. Comer e dormir é bom, pra pressão alta. Sair procurar emprego, caminhar, correr atrás não é com você, né não? Quem você pensa que é? Pra se chegar ao topo, levamos muitos tombos. É isso mesmo. Faz parte do jogo sedutor da evolução tropeçar para aprender técnicas de vôos. Para aprender, no amor e na dor, sofremos o crivo de cobranças, revides, destemperanças. Só os fortes de caráter vencem na vida. Os determinados é que deixam marcas. Os frouxos ficam estragando sofá em casa, esvaziando a geladeira (provida por terceiros), vivendo nas costas dos pais, da patroa, dos cunhados, dos sogros, dos amigos, dos filhos, dos que se propõem a bancar o abacaxi, pagar o pato, comendo de graça. Você não tem caráter, pelo jeito. O que você vai fazer de você? Páre de inventar desculpas por não querer parecer tolo, sendo tolo, não querer parecer um fracassado mas sendo sim, um mané, um coió, um embuste de cidadão. Você devia ter ralado mais, parafraseando a música Epitáfio.

Você não olha no espelho? Você não vê o exemplo daquele parente batalhador, guerreiro? Você não viu que horas aquele vencedor ia se deitar, que hora se levantava? Só ler não fazer de você um inteligente gratuito. Só se achar não vai fazer de você um filósofos de carteirinha. De que planeta você é, senjeito? Mire-se no exemplo dos vencedores. Se os seus pais não deram rumo, se a sociedade cobrou, se você não tem um bom trampo, a culpa é sua, ou você quer achar um culpado pro seu fracasso? Abra o olho, você não sacou ainda que está no bico do corvo? É bom quando você faz uma bela burrada, e alguém paga em seu lugar? É bom amarrar o burro na sombra – dos outros? E você, quando vai sacar que é uma piada, que riem de você, os credores, os devedores, os vizinhos e familiares, o que você pensa que logrou mas ficou no prejuízo? Quem você quer enganar? Sacou o perigo de ser um trouxa com panca? Cabelos brancos, murchos, envelhecendo, no entanto não tem nada, não é nada, vive nas costas dos que agüentam você, e o seu lucro com tudo o que você é, com tudo o que se restou, se você é um pária fora de contexto?

Quantos outros do seu meio, inclusive parentes de sangue venceram, e você levando numa boa, veio logrando todo mundo, agora, mãos vazias, tem que se esconder em coisas que a sua cabeça inventa, sem saber exatamente o que está falando, criando bobagens, tendo posturas mal concebidas, um xucro querendo tirar de letra o que não vivenciou direito para saber o que é? Pois é. Você se perdeu de existir, e agora perdeu de vez o bom senso, fica aí xereteando idéias, desse jeito vai acabar num hospício ou num asilo, vendo fantasmas do que só você acredita, do que só você vê, um desmiolado querendo crenças e verdades que soam grotesco de cabeça oca...

Pois é, você não sacou ainda, mas você não deu certo como gente, não deu certo como pessoa, não deu certo como profissional, não deu certo como cidadão, não deu certo como ser humano de juízo perfeito. Sim, você tem direito a desculpas, mas vá lá, arrume desculpas honestas (isso dói), não invente fantasmas, pra variar, a sentença final de sua vida não é um logro, é resultado de fato: você é zero! Não há lógica na sua frustração, na sua falência pessoal, pelo fato de você não ter posses, não ter nada, se você não ralou certo e direito pra ter, se ralou aqui e ali, foi variando soluções, querendo levar vantagem em tudo, foi logrado porque você talvez tenha sido mesmo o que você afinal se resultou: um zero a esquerda. Pirou de vez, é? Pare de inventar desculpas. Assuma riscos e erros. Arrume um carrinho de camelô e saia seis horas da manhã de casa, fique na rua até meia-noite vendendo seus docinhos, seus salgadinhos, talvez assim você possa, todo final do dia, prover seu lar, comprar o que a casa precisa, podendo assim, trabalhando de segunda a segunda, e de verdade, dizer que não tem desculpas, que errou feio, que tem que ser sim mesmo um vendedor ambulante até o final de seus dias na face da terra, porque antes errou de tudo, de todas as maneiras, e assim, trabalhando finalmente num serviço precário, pelo menos você finalmente vai segurar o rojão, bancar o pão em casa, prover o seu recanto que nunca proveu inteiramente e completo, e aí sim sair dessa toleima de querer ser o que não é, nunca foi, dando-se desculpas a céu aberto para bobices, mentiras, fugas, surtos. Parar de ser infeliz também. Trabalhar, estudar, ralar, é uma baita felicidade para o ser humano que quer, perfeitamente, fazer parte do acervo vitorioso da sociedade. Já pensou? Qual é a sua? Vai continuar se enganando. Você é ao mesmo tempo a melhor e a pior testemunha contra você mesmo. Sacou ou quer que eu faça um desenho com palavras cruzadas? Olhe pra trás. Olhe pra você. Se enxergue. Você é seqüela e fruto daquilo que você se fez. Você foi um risco pra você mesmo. Vai encarar? Curto e grosso: você fez tudo errado, desculpas não pagam dívidas, não apagam erros, não resgatam impropriedades. Cuidado, você pode estar com o nome sujo no SERASA do céu. Quem não paga dívida, quer o quê? Passar batido, virar santo, se matar? Há um Deus. Você não é lá essas coisa, em termos de imagem e semelhança do Criador. Você vale tudo isso que acha que vale, ou você perdeu as estribeiras, o bom senso, o juízo? A vida não vai parar pra você virar o jogo. O mundo não vai parar pra você descer, pular fora. E agora? Páre de se fingir de morto, de se achar num hora o tal e noutra hora um perdido e inconstante, que a verdade é irmã do tempo, e o melhor juiz é o tempo. Você é o que você se fez. E como você não soube se fazer, é melhor encostar em outro alguém de novo, né não, comer e beber e não saber o preço do suor certo, do sangue ralado, da dedicação corre. Ainda que eu falasse a língua dos anjos, sem a verdade eu nada seria. E a verdade é que nenhuma desculpa bem bolada vai livrar você dos erros que fez, dos erros que cometeu, do próprio erro de ser o que é agora, nulo e perdedor. Quem não vê o próprio erro, o próprio limite, precisa de ajuda. Corra atrás, pode ser que ainda dê tempo, ou você acha que é infeliz sozinho?.

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Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

De Portugal Para Itararé










Um Lusonauta de Portugal em Itararé, São Paulo, Brasil


Sou um lusonauta viajoso muito além do letral
Muito além dos ancestrais que de Portugal
Foram semear suas galeras mundo afora
E desembarcaram na América de onde sôo agora
Sou um cristão novo que deixou a inquisição
Deixou a terra-mãe em pranto e enfrentação
Saiu fundar um novo Portugal ao sul do equador
Um lusonauta peregrino em paz, em luz e amor.

Um lusonauta que deixou a Ilha da Madeira
De ancestrais e foi ser luso em terra estrangeira
E sem negar a terra-mãe, a aldeia, o berçário, o chão
Foi lusonauta em terra, mar, lavoura e sertão
Sou português criado em terra distante do ninhal
Mas sendo o que sou ainda a trovar Portugal
E tenho a bandeira, o amor, a luz, a peleja e a fé
De ser um lusonauta em terras paulistas de Itararé!

.......................................................................................

Às Armas! Às Armas! – Ser Lusonauta é o meu país
Palavras; alma, paleta - internet como grafia e pincel
Se estou na terra em que tudo dá de maná a leite e mel
De Portugal a terra-mãe vem ao peito a iluminura matriz
Pois Portugal está no espírito altaneiro como uma asa, uma raiz
Em cravos de saudade pelo que por Portugal um trovador me fiz

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Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Você está vivendo sua vida direito?





Poema

Vivendo Uma Vida Direito

Para a Memória de Paulo Rolim Corrêa (Itararé-SP)


Às vezes eu fico pensando, ao escrever
Entre uma cerveja preta e um blues velho no radinho roufenho com estática
Se eu também não sou como esse aparelho fora de sintonia
Vivendo vinha vida diferente do que eu queria

Ah Itararé de uma lua de cristal prata sobre os pinheiros
Corremos atrás do que nem sabemos...

Às vezes eu fico pensando, ao olhar a chuva
Para onde vai tudo o que sou muito além do ralo ou das aparências cínicas
Se eu estou vivendo direito a minha vida de plantador de sonhos
Entre os subcretinos que consomem cenários

Ah Itararé de minha distante infância entre as purezas
O resultado do que sou me dói na poesia...

Às vezes seu pego pensando, ao entardecer
Se o que sou realmente é o que eu queria ser como seqüela de tanto horror
E um fado amargo no íntimo sola banzos que me doem na alma
E nunca mais serei um piá de olhos brilhantes...

Ah Itararé está tão longe e eu estou escrevendo chorumes
E resisto como humanus entre sem cérebros...

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Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
(Cantárias de Sampa)
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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

E-book do Autor Vira Tese de Doutorado





E-book de Neomaldito da Web Vira Tese de Doutorado em Universidade Federal

-O e-book (livro eletrônico) O RINOCERONTE DE CLARICE, de Silas Correa Leite, 11 contos fantásticos, cada conto com três finais (todos falando de Itararé), com um final feliz, um final de tragédia e um terceiro final politicamente incorreto, sendo pioneiro, de vanguarda e único no gênero (até agora o único livro interativo da Rede Mundial de Computadores), foi destaque na imprensa (Folha de São Paulo, Estadão, JT, Correio do Brasil, JBoline, Diário de São Paulo, Revista da Web, Revista Kalunga, Minha Revista, Revista ao Mestre Com Carinho, Revista Época, Poetry Magazine (EUA) etc., e também reportagem na mídia televisiva como Rede Band (Momento Cultural/Márcia Peltier), Metrópolis (TV Cultura), Rede Brasil, Rede 21, Rede Vida (Programa Na Berlinda), etc.) agora virou tese de Doutorado na Universidade Federal de Alagoas, UFAL, depois de também ter sido tese de Mestrado na Universidade de Brasília, e, à época de lançamento, ter sido indicado com Leitura Obrigatória na Matéria Linguagem Virtual, no Mestrado de Ciência da Linguagem, na Universidade do Sul de Santa Catarina. O escritor Itarareense (autor do oficial Hino ao Itarareense, várias vezes premiado por Itararé como ficcionista no Mapa Cultural Paulista), recentemente esteve em Itararé lançado com sucesso seu novo livro (a venda nas bancas da cidade e no site www.livrariacultura.com.br) “Campo de Trigo Com Corvos”, vários contos premiados, Editora Design de Santa Catarina. Este livro, aliás, ficou entre os finalistas selecionados pelo Prêmio Brasil Telecom de Literatura (Portugal) no quesito literário Contos. A tese de Doutorado pela UFAL-Universidade Federal de Alagoas, na Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüísticas, foi defendida pela universitária Luciana Cristina L. da Silva, com o tema “O Livro Depois do Livro - A Experiência Literária Hipertextual em Giselle Beigulman”. O trabalho acadêmico trabalhou a semiótica nos livros “O Rinoceronte de Clarice” (de Silas Correa Leite, de Itararé-SP), e “Miséria e Grandeza do Amor de Benedita”, de João Ubaldo Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro. As duas obras fundamentam a tese. O texto acadêmico está disponível no site da Biblioteca Universia (da Espanha), no endereço virtual da web:http://biblioteca.universia.net/ - ou no link da UFAL da net: http://bdtd.ufal.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo+197 Algumas universidades convidaram o autor para palestras ou congressos, além do autor estar atualmente em mais de 300 sites (como Observatório de Imprensa, Correio do Brasil, Fundação Perseu Abramo, Provocações (TV Cultura/Antonio Abujamra)), Storm Magazine (Portugal), Convívio (Itália), e mesmo em vários sites em língua espanhola, sempre literariamente promovendo Itararé, causos de Itararé, falas peculiares de Itararé, personalidades populares de Itararé, estando ainda em vários endereços do orkut, ou nos blogues: www.artistasdeitarare.zip.net ou www.portas-lapsos.zip.net ou www.campodetrigocomcorvos.zip.net - E-mail do autor: poesilas@terra.com.br Site de Itararé: www.itarare.com.br/silas.htm. O autor de Itararé, premiado em verso e prosa, começou a escrever em1968, com 16 anos, no Jornal O Guarani, de Itararé-SP. (Do Correspondente)


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Microcontos

MICRO-CONTOS (Da Série Das Duas Uma)

01-Pãe ou Mai
-Pai, por que meus amigos têm pai e mãe e eu tenho dois pais?
-Não enche o picuá, Júnior, vá brincar com o meu langerri pink.

02-Periferia S/A
-Eles chegaram batendo feio e o sr seu Orozimbo, tão valentão, todo metido a sebo, não disse nada, não disse umas palavrinhas que fossem?
-Disse sim, Seu Doutor, disse “Ui”, disse “Ai”!

03-Ninguém Merece
-Eu tô grávida de você, Ladislau.
-Que demais, hein, Lurdinha?. A criancinha pobre coitada não merece isso.

04)-Lar Doce Bar
-O pai mandou eu vir tirar você daqui do Inferninho, Magali.
-Pra voltar praquela loucura de inferno que é lá em casa, Dico?

05)-Estrela D´Alva
-Vamos casar Bastião Querosene?
-Não enche o pacová, Nereide. Vê se vira pra outro lado e dorme.

06)-O Céu Pode Ser Lá
-Seu Geneci, o sr só tem malemal uns três meses de vida.
-Fazer o quê, né Dr Samir Mattar. Tava na hora de tirar umas férias no céu mesmo.

07)-Motel Chão de Estrelas
-Se eu soubesse que você era virgem, eu tinha usado camisinha, Lindaura.
-E se eu soubesse que você era um tongo saranga de um imbecil, eu tinha tirado a calcinha, Jeronça.

08)-Leite Quente
-Mãe, a chaleira tá solando um chorinho de Pixinguinha.
-Então pode desligar a orquestra do Fogão Gaya, Piá.

09)-É Dando Que Se Recebe
-Quem é que está tocando essa maldita campainha roufenha, guri?
-É o leiteiro, Mãe. Venho receber a conta do mês. A sra tem dinheiro ou quer que eu vá brincar lá fora?

10)-Deitado em Berço Esplêndido
-Aceita essa baranga, picega, manquitola e peituda como sua legitima esposa, Seu Alípio?
-Sim Seu Delegado. Eu sou cego e quem não vê cara namora em braile.

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Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Continhos do Silas

Microcontos (TOP DEZ) – Silas Correa Leite – Primeiros Rascunhos

1-Desconexão
-Desde que instalaram uma antena parabólica no seu edifício três poderes que nunca mais ele um pobre poeta metido a bruxo conseguiu escrever contos fantásticos
2-Virgem
-A festa tava boa mas ele que não era boa bisca não gostou nadica do forfé que viu, simplesmente vestiu a roupa black e foi embora depressinha
3-Presa Poética
-A aranha poeta tava enfastiada aquele dia, mas ficou muito romântica e emocionada vendo o casulo de borboleta preso na sua rede de gosma lacta
4-Santo Santo
-Quando o medico estagiário perguntou se o parto tinha sido normal - e o júnior nascera morto (se é que quem nasce morto nasce) - a mãe virou os olhinhos e recebeu santo ali mesmo no hospital são jorge
5-Identidade
-O policial pediu documentos mas ele não estava querendo viver mais, tava contaminado, era hospedeiro, virou as costas e sentiu o baque da bala quando a morte do outro lado da dor pediu documentos de identidade
6-Aleluia Eureca!
-Acabou de fazer a missa de aleluia e sentiu vontade de largar a igreja, tomar todo o vinho e ir atrás da loura casada com um cego e que vinha lhe dando mole desde o dia de seu aniversário em primeiro de abril do ano passado
7-Sampa Revisited
-Estava todo trancham ali na Ipiranga com a São João, mas só ouvia choro e ranger de dentes, parecia que tinham revirado o inferno no avesso, depois soube que o PCC por dívidas de drogas tinha matado o polaco cafetão que gerenciava os bordéis da área
8-Rapaz de Programa
-Sim, o pinta brava queria voltar chique e vitorioso para Itararé, num carro de fogo, mas ali estava chegando na sua cidade natal e o seu corpo roxo num caixão vermelho crivado de margaridas murchas
9-Crime e Castigo
-Estava saindo com a filha do patrão que pensava que a menina de treze anos era virgem, tinha medo de que o sogrão que era delegado lhe encomendasse a morte, por isso começou a pensar ele mesmo em aprontar com o valentão policial bacharel metido a sebo
10-Love Story
-Era questão de tempo e iria assaltar aquele banco só pra se vingar da linda caixa ruiva de olhos verdes, a lazarenta que desfizera dele quando ele lhe confessara o seu amor e ela arrotara grandeza vendo o seu saldo maleixo na poupança do banco novo mundo
-0-
Silas Correa Leite, Estância Boêmia de Itararé, Cidade Poema
E-mail: poesilas@terra.comr.br Site: www.itarare.com.br/silas.htm
(Continhos da Série “Eram os Deuses Corinthianos?”

domingo, 3 de agosto de 2008

Livro de Poemas de José Inacio Vieira de Melo

Pequena Resenha Critica


Livro “A Infância do Centauro”, Poemas, Editora Escritura, 2007
As Louvações Viajosas dos Mandacarus Atônitos de José Inácio Vieira de Melo

“O coração vazio de angustia
E podermos cantar novamente
No silêncio da noite
E ver o homem do porto
Chorar de alegria nos braços a liberdade...”

(A Vida Nasceu do Êxtase, Walter Mendonça Sampaio)



Nesses tempos tenebrosos de precárias criações poéticas, entressafra que boçais tipos de barriga de tanquinho e cérebro de teflon (esquentam mas não aderem) lançam livrecos de ocasião, eis que surge uma luz no fim do fútil: José Inácio Vieira de Mello e o primor de seu “A Infância do Centauro”, Poemas, Editora Escrituras (SP), 136 páginas, em belo acervo gráfico-editorial (um primor) além do conteúdo realmente espetacular no sentido lítero-cultural do próprio fazer poético. Ah, e para não dizer que não falei de cores e afins, linda capa (e projeto gráfico) de Vaner Alaimo, ilustrações ricas de Juraci Dórea. Um livraço assim é, em tanto esmero (parabéns Editor Raimundo Gadelha), uma preciosa jóia literária em todos os sentidos.

José Inácio Vieira de Melo tem currículo, tem estrada, tem estilo, tem talento potencializado pelo olhar açodado por uma extrema sensibilidade viajosa, e assim vai destrinchando o vinho-verbo (vinho-versos) das vinhas existenciais viçadas em peregrinações, mandacarus atônitos, com suas louvações muito além das hortas de covers que abundam pelaí. Códigos de romarias, retraduzidos no letral, documentos-identidades de peregrinações como cadernos de viagens...

Ele mesmo um cavaleiro com suas purgações, seus fermentos e seu olhar a sondar cactos de vícios, tipificando remorsos, como se um retratista de seu tempo e das amarguras do seu tempo. Já pensou? Poesia pura. Aliás, José Inácio Vieira de Melo tira seda das pedras, sua poesia energiza, nas criações feito um mandorová-camaleão tira tintas das andanças. O marmóreo das criações, muito alem da lanterna furta-cor de seu olhar sarado. Rastros de cisternas?. Poemas-toadas, aboios plangentes, poemetos, “Peregrino de si mesmo/No meio da travessia”(pgs 118/119/120, Romaria), as léguas tiranas. Labuta uma roça de palavras. Carrega sua lavoura com páginas de andanças, aqui e ali um produto desses tempos insanos. Poemas e pés. E lácrimas. Reversos e memórias?

Já pintei José Inácio Vieira de Melo como um dos melhores poetas contemporâneos que li, até porque, o nome se faz na construção do hoje para o eventual e justo enlivramento histórico do devir. Da terra de Jorge de Lima que considero o melhor poeta do Brasil em 508 anos, a senda do José Inácio Vieira de Melo tem um tear de altíssimo nível, talento e olho crítico, signico. Galopar nas palavras é a sua metafísica?

Suas amarras íntimas e criacionais são dependuras no versejar, um pós-cordel itinerante, peneirando juízos, intenções, quireras de conflitos, trazendo as entranhas dos pensares para a poesia nossa de cada dia. Lamentos, ofícios, moendas e engenhos. Releituras. Raízes que andam. Agonias da terra. Significâncias e condições humanas. Escrevendo ele faz chover canivetes, entrecortando imagens e palavras.

Amoras de ausências? A belezura dos registros. O poeta José Inácio Vieira de Melo que foi ver o que é que a Bahia tem, nasceu em Olho D´Água do Pai Mané, povoado de Dois Riachos, Alagoas, e por onde andarilha lavra suas águas límpidas em poemas de quilate. “Ouço vozes – muitas vozes/Dentro de mim mesmo/Todas dizem que é preciso prosseguir..." (Pg 105/106, Memória). Pois é: escrever é preciso, viver não é preciso...

Lendo a poética de altíssimo nível de José Inácio Vieira de Melo, lembrei-me da música de Bjork (cantora islandesa)” Perdi minha origem/E não quero encontrá-la/Eu me sinto em casa/Cada vez que o desconhecido me rodeia” (Wanderlust). Paradoxalmente, no entanto, José Inácio Vieira de Melo resgata e louva sua origem no que cria, enlivra-se dela no “fazer poetico” propriamente dito, mas só se sente em casa mesmo escrevendo seu tempo, seu lugar, seu espírito aguçado, e toca o desconhecido com suas perguntações, pontuando as léguas tiranas, afinal, longe de casa, não é longe de si, mas um reconstruir o longe para lavra criaciocional vivenciada no ser de si, quase self.

A Poesia de José Inácio Vieira de Melo entoa, faz bem, aplaina momentos que resgata, como se decifrasse a sede da seda, na sua náutica louvação/peregrinação/criação (anagramas amalgamados), tudo a ver, tudo a ser, tudo a ler. “O chocalho, no pescoço/Da vaca, anuncia:/-Eu estou aqui!/O relógio, na parede/Da cozinha, adverte:/-Não escaparás! (pg 41, Diálogo). Bravo!

Nesses tempos pós-modernos de cincerros com grifes (i pod, celulares, mp 3,4,5), range a rede de criação – escrever é para quem se distancia da manada – e brilha quem tem asas na alma. Os mandacarus atônitos ainda que cactos vítreos dão frutos de palavreiros. O cálice transborda como seda pura em papel de arroz com imagens poéticas vibrantes.

A infância é tudo aquilo que trazemos conosco, naquilo que somos, naquilo que não cabemos em nós, naquilo que perdemos, naquilo que fermentamos entre tantas purgações existenciais? Ainda bem quando grandes poetas refazem suas íntimas trilhas fazendo versos e movendo moinhos letrais. O tecido irreversível da alma toca o fio-terra do verbo viver a self aberto: eis o livro, eis a obra, eis o poeta: A Infância do Centauro José Inácio Vieira de Melo semeando sarças ardentes.
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BOX: A INFÂNCIA DO CENTAURO
Editora Iluminuras, São Paulo
www.escrituras.com.br
Autor José Inácio Vieira de Melo
E-mail: jivmpoeta@gmail.com
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Resenha (Pequeno Resumo Crítico):
Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Poeta e Ficcionista
Livros: Porta-Lapsos, Poemas, Campo de Trigo com Corvos, Contos
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
Ou www.campodetrigocomcorvos.zip.net