segunda-feira, 15 de setembro de 2008

DORNA (Poema)




DORNA

Eu procuro seus olhos dentro da noite enferma
Mas é só silêncio e solidão. Sofro.
Os corvos da amargura me rondam.
Como eu queria estar morto agora!

A noite é cinza como a minh´alma.
Ninguém me estende a mão. Vegeto.
Escuto descompassos nos labirintos do espírito
E há passos no porão de minha miserabilidade.

Estou cercado de muros. Beijo o pântano.
Quase habito a quarta dimensão, a minha alma.
Sozinho escrevo ressentimentos velhos
Fantasmas, neuras, desconstruções, ilicitudes.

À margem de mim mesmo; a vida entrevada.
Já não tenho nada a perder. Escrevo.
Neil Sedaka ao longe canta Solitaire ao piano de cauda
Como se espremesse limões nas minhas cicatrizes.

Sou vinho azedo, mosto, na dorna.
Tristices escoam pelo ralo. Cariz.
Talvez ao amanhecer eu esteja finalmente morto
Ouvindo o piano da aurora ornar a crista do sol com meu abandono.

-0-

Silas Correa Leite, Itararé, São Paulo, Brasil
E-mail:
poesilas@terra.com.br Blusões: www.portas-lapsos.zip.net ou www.campodetrigocomcorvos.zip.net



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