domingo, 25 de abril de 2010

Em Que Acreditamos - Texto de Arruda da Conceição





EM QUE ACREDITAMOS

Segundo os ensinamentos da Sociologia, “o homem é um ser gregário por natureza”. Isso significa que, diante da vida, o ser humano é inerme, indefeso, incapaz de sobreviver sem o auxílio de outros seres da espécie. Por isso, nasce dentro do grupo social básico, o grupo familiar, mais especificamente, seus pais.
Dentre os mamíferos, o homem é completamente incapaz de sobreviver, sem a proteção de um grupo primário, pois não sendo dotado de meios para se alimentar por conta própria, procurar abrigo, enfrentar as intempéries e, principalmente, defender-se dos predadores é, realmente, um ser fadado à morte logo nos seus momentos iniciais.
Por outro lado, a maioria dos animais, em especial os mamíferos, já nasce dotada de mecanismos que lhes permitem fazer frente a essas investidas naturais, pois como se sabe, esses animais logo após o nascimento buscam o alimento nas tetas maternas, possuem unhas para coçar o corpo, têm um sistema nervoso que responde às agressões de insetos tremulando o couro e os pelos, podem lamber partes do corpo e, principalmente, minutos após, já podem andar e correr, acompanhando os outros animais adultos. Além disso, são munidos de um faro desenvolvido e acuidade auditiva bem atuante. Há espécies, ainda, que já nascem enxergando o ambiente que os circunda.
É, portanto, a proteção social que permite ao homem desenvolver-se, crescer, produzir e cooperar para o desenvolvimento e a expansão da própria espécie.
Ao que tudo indica, parece não ter sido sem sentido que o filósofo da Educação, Jean Jacques Rousseau, tenha nos legado a máxima: “O Homem em seu estado natural é bom. A sociedade é que o corrompe”.
Entendemos que a proposta de Rousseau não seria a de privilegiar o Homem em seu estado primitivo, mas consideramos válida a imagem quando se refere aos estragos que a sociedade que o protegeu nos anos iniciais, aos poucos, vai lhe inculcando através de valores, regras, conceitos, doutrinas, dogmas e outras formas de moldagem comportamental manipulada que findam por lhe causar deformações e toxidades, suas companheiras por toda a vida.
Emile Durkeim, ao estabelecer o seu conceito de educação, afirmou que: “Educação é a ação exercida pelas gerações maturas sobre as imaturas, com o objetivo de suscitar certos estados psíquicos, físicos, morais e intelectuais reclamados pela sociedade em seu conjunto, bem como para o fim especial a que o educando se destina”. Mais adiante, com a assimilação de proposituras psicológicas a Educação passa a ter, como um dos seus objetivos, a “mudança comportamental”.
Durkeim tratava do assunto como uma questão de ordem sociológica, portanto, entendia o processo como “a pressão” de uma geração sobre a outra. Ora! O termo “pressão” induz à conotação de algo que vem “de cima para baixo”, sem a alternativa do retorno. Logo, às gerações imaturas, cabe aceitar, incorporar e experienciar aquilo que lhes fornecem os que ditam as normas e as regras que as gerações adultas desejam ver perpetuadas.
Corroborando esse processo vertical, a psicologia comportamentalista trata da finalidade da educação como um processo que visa a “mudança comportamental”, ou seja, recolocar nas linhas da pretensão ideológica ou da ordem dominante, aqueles que ainda não se ajustaram e os que se desajustaram.
Voltando a Durkheim, o que poderíamos entender como os reclamos da “sociedade em seu conjunto?
Com um pouco de boa vontade, poderíamos admitir que o Estado representasse essa “sociedade” cabendo-lhe estabelecer e controlar os critérios e a administração de uma Educação Sistemática, influindo, ainda, onde puder, nos processos da Educação Assistemática.
No entanto, não podemos fugir à compreensão de que o indivíduo, desde o nascimento, é um ser que dedica, por sentir a efetividade da proteção de que necessita, total confiança naqueles que fazem parte do seu contexto familial e, logo após, naqueles que se colocam nos cumes dos grupos secundários ou terciários a que venha integrar.
Assim, após se colocarem como tributários dos seus pais, avós, tios, irmãos mais velhos e demais parentes próximos com mais idade, passam a aceitar as proposições e ensinamentos de outras pessoas mais velhas nas escolas, igrejas, associações, às quais, inconscientemente atribuem poder.
Todos esses “mais velhos”, mantêm, automaticamente, relações veladas ou não, “de poder”, influenciando com suas mensagens, ensinamentos e conceitos, de maneira progressiva, a vida de um indivíduo aspirante à integração no contexto social.
Essa autoridade é definida como “autoridade de poder”; aquela que atua hierarquicamente e que é desempenhada por indivíduos que têm uma posição definida nos grupos sociais delegadas por algum instrumento institucional, normativo legal, consensual, ou emerso dos “costumes”.
Paralelamente ao primeiro modelo da autoridade, é não menos atuante o exercício da “autoridade de prestígio” que pode, em certos casos, se confundir com a “autoridade de liderança”.
No primeiro caso, o receptor crê e aceita a autoridade do emissor e lhe dá crédito, sem questionamento, por considerar que aquele é detentor, consagrado, da sabedoria e da autoridade suficiente para se fazer credor de confiança, credibilidade e aceitação.
No segundo caso, o envolvimento afetivo determina a aceitação e a subordinação que, parte do indivíduo em formação para o indivíduo formador. Todavia, em ambas as situações, as mensagens, as informações e os conceitos são absorvidos sem racionalização ou questionamentos, por aceitação tácita do receptor.
A partir daí, desencadeia-se um processo de “formação”, onde se percebe que a construção de um indivíduo se faz de “fora para dentro”, ou seja, partindo de algo ou alguém que atue como agente de um estamento de poder que pode estar em pessoas, organizações ou instituições. De qualquer modo, fica bem claro que a sociedade gerou e gerencia sistemas paralelos de burilamento ou formação do indivíduo.
No caso do Estado Brasileiro, através das suas agências, fica a competência para estabelecer os objetivos educacionais e o planejamento, a organização, administração a coordenação e o controle da Educação. Essa ação é exercida por intermédio de uma hierarquia legal que, partindo da Constituição Federal é respaldada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e por um conjunto de Decretos, Portarias, Resoluções e Pareceres, bem como de todo um aparelho de estado consubstanciado pelo Ministério da Educação e Secretarias Estaduais e Municipais de Educação; a “hierarquia de poder” da Educação Sistemática.
Assim, é o estado que decide quais os objetivos da educação formal, ou seja, para que, como, quando, quem educa e a quem educar. Nesse processo decisório os caminhos da educação parecem ser originados dos interesses estratégicos e econômicos de “uma parcela da população” que domina os diversos escaninhos do poder, o que na maioria das vezes nada tem de relacionado com as reais necessidades da sociedade em geral.
É comprovadamente verdadeiro que, quando ocorre alguma transformação na ordem política, em razão da alternância do poder, de imediato surgem movimentos que induzem à transformação da legislação educacional para adequá-la às novas correntes da ideologia que se opõem às da ordem anterior, exemplificadas nas reformas educacionais havidas no país.
No segundo caso, que é o que nos interessa mais de perto, vemos que os grupos sociais instituídos procuram aumentar seus quadros em busca de fortalecimento e de capacidade de representação. Esses grandes grupos, por sua vez, criam e adotam doutrinas, corpo de idéias, dogmas, normas, regras e regulamentos que são administrados aos seus membros visando estabelecer uma espécie de subordinação, de “espírito de corpo” ou de solidificação do contexto grupal.
Tais grupos sociais podem ser primários, secundários ou terciários, no entanto, possuem um poder de influência mais poderoso do que o do estado por utilizarem meios altamente especializados, recursos financeiros consideráveis, mecanismos de alta tecnologia e, principalmente, alto poder de persuasão. Nesse contexto se encontram os grupos confessionais e toda a espécie de mídia. A Imprensa escrita, falada e televisada o cinema, o teatro, o editorialismo musical e, principalmente, a publicidade e a propaganda.
Com relação à mídia, temos uma característica interessante a observar, que se encontra nas suas próprias definições: “Mecanismos formadores de opinião pública” ou “Mecanismos de comunicação de massa”.
A partir dessas definições, podemos, com clareza, inferir que há indivíduos ou organizações que entendem que as massas não podem formar opinião por si próprias e se consideram com o direito de decidir que “a opinião das massas ou a opinião pública sobre certos assuntos”, precisa ser, por eles “in + formada”, consoante suas ideologias, seus objetivos e seus interesses de controle social; é a “introjeção”.
Se entendermos bem essas premissas, poderemos argumentar que, de uma forma geral, toda a nossa armazenagem mental vem a ser constituída de conceitos alheios que, com nossa autorização, consciente ou não, lá se encastelaram. Quase tudo em que acreditamos, com maior ou menor fé, é resultante da elucubração alheia que nos foi imposta pela dita “pressão social”.
Assim, admitindo, ainda que essa pressão obedeça à necessidade de implantação, disseminação ou manutenção de ideologias, dogmatismos, conceituações e interesses vários, emanados, propositalmente, de algum dos estamentos de poder, podemos inferir que nossas leituras de mundo, nossas considerações, nossos julgamentos, nossas verdades e quase tudo em que acreditamos acaba por ser o resultado de introjeções modeladoras de comportamentos atendendo, a curto ou a longo prazo, os interesses e os objetivos das pessoas ou instituições que mantêm o poder da manipulação ideológica.
O mecanismo de toda essa “ação formadora de opinião” se faz por intermédio de uma terrível dicotomia que pode receber os nomes de “informação” e “contra-informação”.
A informação, que significa “a ação de alguém que deseja introduzir em outro, por pressão persuasiva ou não, as suas próprias idéias, propostas, crenças, modelos e verdades”, termina sendo um instrumento de domínio ou controle de manipuladores do psiquismo social. Como nesse propósito o que interessa são os fins, os meios quase sempre são falsidades que, apresentadas como verdades, acabam sendo, em primeira instância, ações de contra-informação, induzindo as pessoas a acreditarem e a agirem como se verdades fossem.
A contra-informação vem a ser um processo de veiculação de mentiras para denegrir e desacreditar uma verdade, transformando a mentira em verdade no contexto social.
Assim, tanto um caso quanto o outro fazem parte do mecanismo formador da opinião publica e da condução das massas. Desse mecanismo, lançam mãos tanto o estado quanto as organizações privadas, partidos políticos, instituições confessionais e indivíduos com poder de manipulação das idéias.
Na outra ponta de todo esse poder de pressão se encontra o indivíduo com as suas “opiniões formadas”, crenças, dogmas e verdades, acabanado por ser, delas, um ardoroso defensor agindo de acordo com a vontade das “fontes”.
Há, ainda, nesse labirinto informativo, ocorrências importantes para o indivíduo que, por serem inadequadas aos interesses manipuladores, são “sumariamente ocultas”, quando não, “veladas”.
Um exemplo histórico está na discordância entre “Sistema Geocêntrico” de Cláudio Ptolomeu e o “Sistema Heliocêntrico” de Nicolau Copérnico.
Para Ptolomeu, (127/151dC) a Terra era o “centro do mundo” e o Sol girava, com os demais planetas conhecidos, ao seu redor. Copérnico, em 1543, apresenta sua teoria contradizendo a anterior, até então considerada como uma verdade pétrea, apontando para uma nova morfologia do Universo onde o Sol assumia o centro do sistema.
A teoria de Copérnico veio contrariar frontalmente a posição e os ensinamentos da Igreja Católica produzindo uma reação de tal monta que, mais tarde, no século XVII era “uma heresia religiosa” sugerir que os planetas giravam ao redor do Sol e não da Terra.
Em 1600, Giordano Bruno, um defensor do Sistema Heliocêntrico de Copérnico e um religioso herético em geral foi julgado pela Inquisição e queimado na fogueira. Mesmo o grande Galileu, que era amigo do Papa, foi preso, julgado pela Inquisição, e obrigado a renunciar publicamente suas crenças.
A História Oficial nunca nos explicou as prováveis e verdadeiras razões para essa execração da Teoria Heliocêntrica! Teria sido uma omissão provocada ou acidental?
Um exemplo em nossos dias está na insistência dos governos em dissuadir, na opinião pública, ocorrências envolvendo aparições de OVNIS ou contatos de seres não pertencentes a este planeta, por maiores que sejam as evidências, as testemunhas, os documentos e, principalmente as declarações de pessoas envolvidas. Para essa manobra da contra-informação, há toda uma parafernália tecnológica e gente especializada em ocultação, dissuasão, mentira e ameaças.
A razão para esse tipo de procedimento oficial está na inconveniência de que crenças, tidas como fundamentais, possam sofrer abalos fatais e desestruturadores de importantes setores da sociedade até então conduzidos e controlados de acordo com os interesses das organizações.
A esse respeito e buscando uma razão efetiva que justifique, tanto a negação do Sistema de Copérnico, como a da existência de seres extraterrestres, pode estar na ameaça a dois importantes assuntos que, de modo algum, interessam aos poderosos da Terra que venham ao conhecimento público, por isso, os ocultam, negam e dissuadem ou velam.
Na primeira especulação, iniciaremos nosso raciocínio no livro de Gênesis. Em 1:26 e 17, vemos que “Deus criou o homem a sua imagem e semelhança”. Milênios após, a parte da humanidade que se localiza no Ocidente vislumbra uma imagem completamente inversa do Criador, que foi transformado em “imagem e semelhança do homem”.
Nessa figura antropomórfica de Deus, fala-se em seus braços, sua palavra, seus passos, sua face, seu corpo, etc... O Criador, nessa visão, também apresenta características de personalidade essencialmente humanas, pois é dotado de misericórdia, ira, bondade, magnanimidade, e outras virtudes que também são nossas. Em famosos quadros da arte sacra, a divindade é apresentada como “um ser humano” com barbas, roupas, sandálias e outros adereços também humanos.
Isso é de capital importância para o nosso raciocínio, pois nos leva a compreender que a pressão social confessional religiosa determinou que assim fosse, pois era importante manter a visão de que o homem é o ser central do Universo e que Deus é uma personagem ligada ao Planeta Terra, fisicamente parecido com o homem, portanto, orbitando entre nossos limites planetários ouvindo as nossas orações e observando o nosso comportamento.
Assim é e assim se crê e, em razão disso, foi estabelecido todo um sistema de crenças dogmáticas que implica em ações e reações onde o homem e Deus se situam em extremidades opostas, com o clero no centro intermediando as ligações ou as religações entre a criatura e o Criador.
Essa postura confessional que atravessa os tempos parece procurar uma alternativa para manter, embora com outra configuração, a Teoria Ptolomaica, mantendo o controle sobre a massa de fiéis confinada “dentro dos limites da esfera planetária” sem outras formas de imaginação além do céu e do inferno, sob o olhar perscrutador do Deus pertencente à Terra com corpo de homem.
O que acontecerá se, um dia, seres extraterrestres se apresentarem, formalmente e em massa, sobre vários pontos do globo e as autoridades controladoras do mundo não tiverem mais poder de negar ou mistificar, diante das imagens que a mídia irá mostrar, com um misto de medo e sensacionalismo?
Essa simples aparição, confirmada, irá revolucionar todo o psiquismo da humanidade e liberá-lo para novas incursões do pensamento, elaborando caminhos para responder às perguntas que fervilham nas mentes dos mais lúcidos e que desde o Oráculo de Delfos, com a máxima “Homem! Conhece-te a ti mesmo!”, estão nos ares para nos incitar: Quem sou eu? De onde venho? Que faço aqui? Para onde vou?
Em seguida, o nosso conceito e a nossa imagem de Deus terão que ser imediata e totalmente reformulados, pois a partir da comprovação da existência de outras criaturas conscientes e originárias de outros mundos, sistemas e Universos, possuindo “configurações físicas diferentes”, é de se buscar respostas para outras perguntas:
1 – Se há outros seres filhos do mesmo Criador, com outras configurações físicas, haverá um Deus específico para cada um dos planetas habitados?
2 – Se o Criador de todos os Universos for um único Deus será Ele, “o nosso”, a ser adorado pelos outros irmãos espaciais, com formas físicas particulares para cada espécie deles ou manterá a Sua “imagem humana” nos demais rincões do Universo?
4 – Ou será que o Criador não terá forma nenhuma e será completamente diferente daquele Ser que adoramos e a quem direcionamos as nossas lamentações?
5 – Como serão mantidas dentro dos limites da dimensão planetária, como até hoje foram, as nossas necessidades de expansão de consciência em busca das nossas origens além do Sistema Solar e no aconchego da Eternidade Universal?
Ao que parece, o perigo que essas perguntas oferecerão ao sistema de crenças até hoje mantido poderá ser incontornável, pois estará iniciando o “desmonte” de toda a estrutura confessional conhecida e, em conseqüência, desestruturando o psiquismo social que, aparentemente ficará sem acreditar no que estará vendo...
As organizações religiosas montadas nos moldes empresariais serão atingidas inexoravelmente, pois já não haverá lugar para o clero na intermediação das benesses divinas para o pobre rebanho, após o “estouro”.
No entanto, podemos, sem sombras de dúvida, afirmar que essas organizações conhecem profundamente a “verdade” que se aproxima e que, diante da hecatombe que se avizinha e do precipício que se abre aos seus pés, ainda relutam em abrir suas arcas de segredos penitenciando-se das mentiras que propagaram como verdades, através dos séculos, por puro interesse de dominação e controle social.
Quanto à manutenção desse estado de ocultação por parte do poder político dos países que se arvoram em condutores do mundo e de seus acordos secretos com os países menos significativos do planeta, faz sentido a condução da humanidade na ignorância de temas de importância capital para o seu crescimento, com a finalidade de ocultar os seus próprios acordos secretos firmados, com determinadas linhagens desses seres, para a obtenção de tecnologia que lhes garanta a predominância e o domínio global.
Nossa geração ainda assistirá o espetáculo que se desenvolverá nesse cenário de mentiras e enganações hierarquizadas e a humanidade, enquanto não se ajustar às novas ondas do pensamento estará às voltas com o sofrimento que advirá pela perda das suas estruturas e dos seus sistemas de crenças que a partir daí serão totalmente inconsistentes.
Voltando nossas considerações ao desempenho da mídia, é fundamental procurarmos localizar o centro de comando das suas ações no mecanismo da informação. Quem são os grupos que se encontram no comando das rédeas desse poderoso mecanismo de controle social e de condução das massas?
Inicialmente, salta aos nossos olhos que, praticamente, todas as agências de notícias em atuação no Brasil e um número considerável, no mundo, se submetem às diretrizes informativas de supra-agências que se encontram fora das nossas fronteiras e que detêm o poder de indicar o que se deve veicular e com que intensidade, a todas as outras a elas subalternas.
Os nossos telejornais diários, em comprovação ao que dizemos, veiculam em estações diferentes, as mesmas notícias, com os mesmos textos e, com as mesmas imagens. Isso é sintomático e indica que: ou nossas agências de notícias não têm competência para gerar a informação que interessa à população ou, são atreladas tacitamente às supra-agências internacionais através de acordos (espúrios), veiculando o que lhes parece de maior interesse.
Em geral, as agências de notícias em vez de captar a informação nos fatos diários, procuram “gerar”, internamente, esses conteúdos ou distorcem a realidade com objetivos definidos em favor de interesses escusos. Aí se configura mais uma das faces enganosas da “in + formação”.
No momento assistimos a uma divulgação excessiva de acontecimentos onde a violência sob todas as suas formas é exposta intensivamente, o que nos induz a admitir que haja um plano ou objetivo ulterior para gerar no psiquismo social uma atmosfera de “medo e de impotência”. Observando com cautela, comprovaremos que os fatos positivos ou benéficos à humanidade e à população local são menos divulgados do que aqueles que provocam escândalos, desgraça, destruição ou agressões de toda a ordem.
Igualmente, a maioria dos filmes e novelas que costumamos ver nas telas, em nossas salas, está centrada na destruição, na morte, na vileza, nas atitudes torpes e em tudo aquilo que contribui para denegrir o gênero humano e acentuar a sua decadência. Sinceramente, não cremos que isso venha a ser “obra do acaso”, mas sim, um trabalho lento e persistente com objetivos a serem atingidos.
O assunto é, realmente, muito vasto e pertinente e teria uma gama enorme de outros tópicos para elaboração. No entanto, o que pretendemos é apontar para um estado que nos envolve, penetra, nos aciona e que está nos arquivos que mantemos em nosso arcabouço mental, o organizador dos nossos pensamentos, julgamentos, considerações e demais fatores que levam à “nossa leitura de mundo”.
A Propaganda constitui um capítulo a parte nesse tema, pois é um mecanismo operado por indivíduos especializados na mobilização das massas através de instrumentos da Psicologia, induzindo à conduta de partes da sociedade em direções pré-estabelecidas.
Desse instrumento se mune o governo para difundir a excelência das suas medidas em vários assuntos da sua área de competências, o que não condiz com a realidade dos resultados que se podem comprovar em dados estatísticos ou mesmo sob os olhares da observação e do sofrimento popular.
Nos dias atuais, a propaganda governamental procura, ardilosamente, criar na visão coletiva, a idéia de que a corrupção, os desmandos e toda a sorte de irregularidades constatadas em seus meandros são ações sem importância e que devem fazer parte de uma espécie de rotina. É nesse sentido, que constatamos que, nos três níveis de governo, a autoridade constituída e o crime organizado se confundem...
Os setores da produção, do comércio e de serviços, igualmente, promovem seus produtos com afirmações que exaltam qualidades, e características superlativas, quando, na prática, sabem que estão blefando e induzindo ao consumo dentro de um processo competitivo maldoso e enganador, na busca dos lucros sem limites.
Pela peneira da informação, com um pouco mais de apuro, veremos que as “pressões sociais” estão, por toda a parte, agindo sobre o indivíduo, e direcionando o seu comportamento.
É com esse material que nos foram “introjetados” os modelos com que nos relacionamos com o meio, com os fenômenos, com as pessoas e conosco mesmos. Assim, achamos pertinentes essas digressões sobre a maneira como são construídos os nossos mecanismos mentais e como eles se prestam para direcionar o nosso comportamento na diversidade das atividades humanas e a possibilidade ou a disposição de cada um para revisá-los.
Desse modo, as nossas verdades, as nossas crenças, o nosso modo de condução na sociedade, nosso caráter, nossas manifestações de personalidade, nossos desejos, apelos, apegos e, principalmente as expectativas que temos diante das pessoas e dos fenômenos, a eles se atrelam e nos direcionam diante da vida.
Concluindo, notamos que a atual crise de valores pela qual transita a humanidade, está situada como uma conseqüência da ação dos diversos “mecanismos formadores de opinião pública, os quais, com velocidade espantosa, se prestam para desestruturar todo um arcabouço ético, estético e moral pulverizando-o em benefício da instituição de uma contra-cultura desagregadora e decadente.
Por isso, é sempre interessante dispensar um pouco do nosso tempo para filosofar sobre os esquemas mentais que abrigam aquilo “em que acreditamos”. Esse poderá ser o primeiro passo para uma transformação interior, quando poderemos rever o conteúdo do nosso baú mental, verificarmos o que realmente faz sentido e, nos dedicarmos a um importante exercício; o exercício do desapego na ação de nos desfazermos de tudo aquilo que acostumamos a entender como realidade, mas que se melhor ajuizado pode ser o irreal.
Na medida em que nos alienamos com as novelas, a ludicidade e a sensualidade midiática, juntamente com os agressivos apelos consumistas, vamos nos deixando enredar por um sistema cruel onde impera a “mentira hierarquizada”. É nela que acreditamos...


Professor Arruda da Conceição
neuarr@gmail.com
Sobradinho - DF


Nenhum comentário: