segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Talves Eu Devesse Ter Fugido Pra Marte





Talvez Eu Devesse Ter Fugido Pra Marte

Se você se sentir um verme, cave
Se você se sentir um pássaro, Voe

Henry Miller


Talvez eu devesse ter fugido pra Marte
Talvez eu nem devesse ter nascido
Talvez eu fosse alguma coisa em qualquer parte
E estivesse muito longe de me restar havido

Talvez eu esteja fugindo nas viagens letrais
Como uma fuga, um vagido, uma neurose
Alguém, alguma coisa ruim, sempre vem mais
E já nem sei se é ódio ou cinismo em overdose

Talvez eu tenha tantos espíritos aflitos
E ao escrever tente passar a limpo a dor
Morrendo serei húmus entre eucaliptos
Vivendo são tantas neuras; é tanta dor

Talvez eu me esconda fazendo arte, mas
Fugindo para um desmundo, que nem vida é

Sei que vou morrer sob sombras de calipiás
Minha dor depositada na terra-mãe Itararé

-0-

Silas Correa Leite
E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.br/silas.htm

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Caetano Veloso e Maria Bethania São a Mesma Pessoa?





Caetano Veloso e Maria Bethânia São Uma Só Pessoa?



Caetano Bethânia Maria Veloso. Jogo de Estrelas. Jogo de Amarelinhas. Pulando de um pra outro. Céu e inferno? Ou muito pelo contrário? Tudo a ver.

Descobri o maior segredo guardado a sete chaves baianas do repertório lendário de nossa maravilhosa MPB: Caetano Veloso e Maria Bethânia são uma só pessoa. Calma, péra aí, explico. Bahia de todas as santas. Deus é mãe.

Aliás, como é que vocês nunca notaram a semelhança de circunstancia coincidente? Tá na cara, leãozinho. Caetano Veloso e Maria Bethânia são um só. Eles se revezam. Quando um lança um novo cedê, o outro some depressinha. E vice-versus. Quando um faz turnê pro sul-maravilha, o outro diz que está na Europa. Estranho, mas crível. É a cara de um e o astral de outro. Só que o Cae pra ser Bethânia usa peruca, entrelaçamento. Mas se fizeram dois, para ganharem mais dinheiro, trabalhando menos. A famosa preguiça baiana, sabem. Dorival Caymi deve ter sacado logo de cara a multiplicação de flashs.

A Grã Bethânia, a maior cantora do Brasil hoje em dia, lançou o belíssimo cedê Maricotinha. Caetano sumiu. Eles são um só, como os japoneses que são todos gêmeos, mais nasce um de cada vez. Mais ou menos assim, se é que vocês me entendem.

Claro, dizem que Cae nasceu primeiro. Dona Canô deve ter então inventado uma outra nova Bethânia, que é o outro lado qualquer coisa jóia odara do Caetano Vianna Telles Veloso. Que ele incorpora muitíssimo bem, nessa nossa latíndia afrobrasilis, e assim se sai muito bem, claro, pois eles, quero dizer, ele, o Cae, é o maior compositor brasileiro, que ele mesmo, também genial, facilmente compôs a Bethânia, como diz extra-oficialmente que foi ele que escolheu o nome da irmã - que se injeta de ser pra delírio e glamour geral. Mas ele a dubla, apenas, isto é, incorpora esse outro ser-se de si mesmo alegria alegria (sem lenço e sem documento) e assim são dupla de um só, de cada vez. E cada vez melhor, sempre.

Alguém já viu o documento-identidade do Cae e o da Bet Bet Bethânia? Aí tem a cara e a coragem, a outra face da mesma moeda. Cara e cara. São tão parecidos (uns são, uns não, uns hão), idênticos, vitelinos, que só podem ser um só. Faz sentido. Caetano, o homem, afina a foz. Bethânia, a mulher, engrossa. Pra disfarçar. Despiste, sabe.

Mas são um só, Se vocês o viram em dupla, pode crer que é montagem das boas. No show Doces Bárbaros, bem que tinha muita luz, um espetáculo e tanto. Jogo de espelhos. Ou é a Gal (que também é Maria das Graças) que, ora interpreta ora o Cae, ora a Bet, colaborando com o disfarce?. Pode apostar nisso. Maria Bethânia é Caetano, Caetano Veloso é Maria Bethânia. Sem tirar nem pôr.

Dizem que poucas vezes foram visto juntos no mesmo palco-íris. Ela diz que o adora. Ele merece. Ele diz que é sua irmã-alma. Tá vendo como eles se contradizem, se traem, porque tentam despistar o óbvio ululante?. Alô você, confesse, vá, já viu os dois lado a lado, pessoalmente? Alguém já viu? Claro que não. Só pode ser truque, montagem espetacular, em raras vezes que se apresentam juntos. Não é à toa que o show da Bethânia é caríssimo e raro. Diamante verdadeiro. Um é o álibi do outro? Vá saber.

O repertório dela é uma Caetanópolis por atacado. O jeitão dele no palco se controlando, segurando o tchan, é bem Caetano Bethânia. Caetanear, por que não? Vocês nunca sacaram as letras do Caetano Veloso? Enquanto Chico Buarque canta a alma feminina, Bethânia é o Id de Caetano, sua alma-germinal. Sacou o lance?

Como é que você vai querer que uma mulher vá viver sem mentir? Bethânia mente que não é Caetano. E Caetano é um esse cara, se consumindo. Um homem-mulher. Não sexualmente falando, sabe, mas artisticamente sendo uma espécie de dupla de um. Ele, um dia, sacou que poderia inventar de inventar uma alma andaluz, e, cinema falado, representa bem a irmã baby. E sai-se muito bem, diga-se de passagem. Adoravelmente outra pessoa, mais exatamente iguais. Balaio sem tampax.

Se você pegar um programa de computador, um que tenha ilha de edição, e gravar um, esse cara, depois gravar outro, idem, interpondo as imagens, vai verificar que são idênticos como unha e acne. Iguaizinhos. Assim dá mais lucro. Pode ver que Caetano trabalha no primeiro semestre e Bethânia só no segundo. Pra vadiar. E assim vão levando a temporada, celebridades que são. Afinal, não podem se encontrar, claro, um corpo só não pode ocupar dois espaços físicos diferentes, a não ser que um assuma outra identidade-glamour. Mas não é psicótico, neurose, é amor em dobro, arte em dobro, como uma peça-dobradiça só se completa sendo macho-fêmea no sentido puramente estético-existencial de percurso e mais valia.

Caetano se disfarça de Bethânia, e canta Olhos nos Olhos, Cálice – aliás o Caetano Bethânia adora o Chico. Bethânia tira o entrelaçamento capilar, afina a voz (que é sua voz normal quando ele não recebe a santa Bet) e grava Peninha, Fernando Mendes. As canções que você fez pra mim mesmo. Pegou? Captou minha mensagem?

Como aço e imã. Irmanados. Todos os unos. E pode ver que tem uma música que Caetano entrega o ouro da bandida. Diz que adora palavras trabalhado em ã. Como imã, irmã. Ele é irmã dele mesmo. Sorte nossa. Isso é que é talento. Quando ele canta em falsete, então (eu sei que vou te amar), ele se completa como flor-fêmea, pássaro-flor, e sua baianidade de Subaé em jogos de amarelinhas. Quando é que Caetano é ele mesmo? Cinema calado? Noites do norte. Outras palavras. Pula. Quando é que Maria Bethânia é ela mesma? Quando canta Tigresa, Índio, Ciúmes, o lado Bobô de Caetano mandorová-camaleão. Eu que não caio nessa.

Quando for no show de um, vou pedir autógrafo do outro. E nem é dupla personalidade, pois tudo é muito claro. Quando for no show do outro – e existem outros? – vou pedir autógrafo dobrado pelo mesmo preço-ingresso. Como saquei essa, e adorei, não preciso fazer chantagem ou usar de extorsão, vou fazer uma promessinha: Caetano musica letras-mantras minhas, e Bethânia (os dois um só) interpreta, e eu os perdôo imensamente. Sem tirar nem pôr.

Aliás, com aquela cabeça, Caetano ser um só era mesmo desperdício corpóreo-sensorial. Então ele se empluma todo, parecendo uma penteadeira de cigana, e assim, sem precisar soltar qualquer dragão-rainha de sua sensibilidade-ninhal, fina flor da espécie que é avis rara, parece-se e é!.

O muso Caetano é esperto. Por isso é meu ídolo-mor. Tem as mil e uma noites dentro do ser-se de si., E como nunca toda arte lítero-musical é selfgrafia, ele se despacha ora um, ora outra. Pesquisem as letras dele, pra ver como ele se entrega. De maneira tácita confessa nas entrelinhas aqui e ali. Implicitamente. E dá um belo baião de dois num mesmo solo corpóreo, boleros-blues. Como é que eu não tinha pescado isso antes? É pura magna mágica. Coisa de Terra do Nunca. Você nunca foi à Bahia? Dizem que lá, toda mulher-bandeira determinada é cabra macho. E todo homem cheio de si é purpurina-talismã. Deve ser isso. Afinal, ninguém pode fugir de ser dupla quando pode ser tantos e timbres e tons e tais. Ora direis, ouvir estrelários.

Caetano Veloso e Maria Bethânia são uma só pessoa? Quem é a persona? Adoro os dois. Dose dupla de alto poder criativo. Deixa sangrar. Cenário e camarim. Com todas as letras, todas as músicas, todos os jogos de cena e interpretações. Palco iluminado num só diapasão. Sangue bom é fogo e fato.

A Dona Canô deve ser Santa. Ou isso é macumba das grossas, como Dorival Caymi e ACM que, aliás, podem ser mesma pessoa também, um no violão náutico e outro na violação do painel do congresso mar de lama neoliberal? Mas aí já seria exagerar. E eu não sou disso. Onde já se viu?

Falando sério. Gosto de sacar as coisas que, de tão claras, poucos enxergam, como o óbvio ululante que estranhamente ninguém nunca vê.

Maria Caetano e Bethânia Veloso são uma só pessoa.

É por ter estado tão maravilhosamente (e divinalmente) oculto, que terá sido o óbvio?.
-0-
Silas Corrêa Leite – de Itararé-SP – Poeta, Educador
Membro da UBE-União Brasileira de Escritores
Site pessoal:
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Romance virtual ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

QUEM VAI NOS ESPERAR NO CÉU





Quem Vai Nos Esperar No Céu?

“Nada é grande na terra, a não ser o próprio Ser Humano/Nada
é grande no Ser Humano, a não ser a mente e a alma...“

(Sábio Italiano Pico Della Mirandola)

Para a Jornalista Maria Lydia (Rádio Bandeirantes)

-Se morrermos amanhã de manhã, ou num domingo de sol de primavera, quem vai nos esperar no céu? Certamente as pessoas que amamos aqui e que partiram primeiro, lá estarão nos esperando, para nos ajudar na passagem, na travessia...desde o momento mais difícil de romper com o cordão dessa dimensão inferior, até mudarmos de lado e então finalmente respirarmos luz terreal.

-Quem vai nos esperar no céu? O querido e saudoso pai, com seus longos braços cor de leite, seu chapéu verde de feltro com peninha vermelha, sua bengala de ossos e memórias, sua acordeona vermelha, seu olhar que de manhã era de uma cor e à tardinha na Estância Boêmia de Itararé era de outra. Sim, lá estará seu pai lhe esperando. Na Casa do Pai há muitas moradas?

-Quem vai nos esperar no céu? Tia Aurora, Dona Esperança, Seu Silêncio, Seu Zé Infinito, A Vó das Santerias, Dona Sofia com seu manjar de manga-sapatinho, São Pedro Guerreiro Vencendo o Dragão da Maldade, Lázaro Ressuscitado duas vezes, Joca Bentinho, o Filho da Luz, O Totonho Neto da Alma, A pobre Ama do Coração Vermelho, os Primos das Serenatas, O Vendedor de Picolé de Limão, O Entregador de Lágrimas, O Anjo Rosa que fazia Bala Juquinha, sim, as pessoas que amamos, e que nos amaram, nos esperarão no reino dos céus? Está escrito nas estrelas isso?

-Quem vai nos esperar no céu? Particularmente até fiz uma interessante trovinha rápida a respeito:

“Quando eu finalmente me for/Quem vai me esperar no céu?/O meu saudoso Pai Antenor/ De terno, bengala e chapéu?

-Quem vai nos esperar no céu? Com certeza todos aqueles a quem estendemos as mãos - ama a teu próximo como a ti mesmo - os que provemos, aqueles que ajudamos na nossa peregrinação, quer usando as sandálias da humildade, quer simplesmente dividindo água, sal, vinagre, força física, pão e peixe. Será possível isso, meus irmãos de buscas e sonhos?

-Quem vai nos esperar no céu? Sim, porque um dia iremos atrás de nossos próprios passos, marchando o retorno em busca de nossos ancestrais, rumo ao começo infinito da vida nesse plano astral. Quem éramos, Somos? O que seremos, já fomos um dia? Quem somos nós? Que espécie já fomos há zilhões de anos-luz? Sim, porque o brilho de uma estrela que vemos, é apenas luz de uma enorme e que já se apagou faz muito tempo. Faz sentido isso. O que isso quer dizer, irmãos?

-Quem vai nos esperar no céu? Conheceremos a lenda do Relojoeiro que toma conta do tempo na supercorda do infinito cosmo sideral? E do cachorro com asas que vigia os ladrões da noite eterna? Fomos amigos da toupeira nariz-de-estrela e do ornitorrinco azul-xadrez que vigia as almas encantadas? Pois é. Pode ser. Semeia e confia. Há um Deus!

-Quem vai nos esperar no céu? No céu tem laranja-pêra, aroma de eucalipto silvestre, rio de pedras que rolam, gatos de três cabeças, Corinthians Fiel, Bailes de Jazz, bolas de futebol? Conheceremos então a falácia do mundo supersimétrico? Compreenderemos o incompreensível, e sorriremos, porque tudo era tão óbvio e não sacamos nada, porque, afinal, com a evolução da espécie espiritualmente involuímos e deixamos de ser puros, quando só há pureza na lucidez da fé. Crer para ver.

-Quem vai nos esperar no céu? Uma mão estendida? Um único olhar cândido com perolágrimas? Uma voz de trombone-contrabaixo dizendo “você esqueceu o mais importante, filho, vai ter que voltar para ser Zen”, ou, todos os teus antepassados e conterrâneos que partiram antes, dizendo, “-Sê bem-vindo, seu ciclo lá acabou, agora podemos continuar a trilha celeste em busca das framboesas sagradas de Deus?...”

-Quem vai nos esperar no céu? Quando você nasceu, um anjo gauche lhe disse do preço a pagar aqui dessa zona de abandonos; sua mãe lhe cultivou como uma pobre flor enferma; sua família lhe aceitou apenas como uma ocasional escora de percurso; você foi amargo e doce, humanamente foi bom e ruim; a palavra cirurgicamente ferina, o coração do tamanho de um bonde, mas, a carruagem de abóboras do tempo - na meia-noite de um crepúsculo pessoal – já foi dita. (Talvez logo serás recolhido. Foste avisado pela dor instintal?. Todas as portas se abrirão pela dor da carne que é fraca.)


-Quem vai nos esperar no céu? Amigos de utopias que choraram nos nossos ombros? Sobrinhas de sangue que dormiram no seu colo fraterno?Amores tecnicamente impossíveis que perderam a trilha da encruzilhada do destino? Filhos que não fizemos e que por si mesmos se fazem? Sobrinhas pelos quais carregaríamos um trem noturno? Irmãs que foram arear as nódoas nas panelas cósmicas de nossos descaminhos de guerreiros do fogo?

-(Minha mãe pela qual eu daria a minha vida? Meus ídolos que morreram de overdose? Santo Deus! - Quando eu era uma criança sonhadora, quase apenas uma folha de cheque em branco ainda, um Rei jovial da minha juventude de pobre cantava que nos daria o Céu, mas, depois queria que tudo mais fosse pro inferno, e agora canta para Jesus Cristo que ele está aqui. Tábua de esmeraldas ou de tantos paradoxos? Quem éramos naquelas campos de lavanda dos sonhos?)

-Quem vai nos esperar no céu? Omelete de lágrimas, estrelas de açúcar cristal, e pétalas de girassóis silvestres, darão vida aos meus poemas? Eu fui meus poemas, sim, eu os vivi como cada gomo de cada segmento triste do caminho de peregrino. De lágrimas que tantos me deram eu fiz um rio caudaloso, onde naveguei o barco de minha sensibilidade-terçã. Não me achei em porto nenhum, por isso meu encantário-ninhal é a idílica Estância Boêmia de Itararé que eu amo tanto.

-Quem vai nos esperar no céu? O lobo e o cordeiro no mesmo pasto. As fontes de águas límpidas. Cântico dos cânticos entoado por todos os nossos mortos redivivos. Eles já nos deram algum sinal?. Tudo é adeus. Precisamos nos apressar e fazermos depressa o que viemos para fazer aqui, cumprir o prometido antes de nascermos de novo, do outro lado da vida, no bosque do folhudo e Supremo Anjo das Árvores.

-Quem vai nos esperar no céu, terá que nos receber com o nosso fardo de salmos novos, eu, por exemplo, com os meus livros imaginários, com minhas baladas de pescador de pérolas sem lenço e sem documento; com os andaimes de minhas esperanças perdidas; com minhas ilusões de jacintos cortados, com meus fantasmas pegajentas, com minhas máscaras de prelúdios, meus pelicanos e minhas papoulas íntimas...

-Quem for nos esperar no céu, seja quem for na ocasião do rompimento, simplesmente catará os meus restos com uma pá feita de rejeitos de ostras náuticas, depois terá que me plantar num desjardim do desmundo lirial, então, finalmente e para sempre, todas as minhas lágrimas se secarão, todas as minhas feridas se curarão como se num milagre do astral, e eu, finalmente serei então, o que não consegui ser aqui:

Um pessegueiro florido!.

............................................................................................................................

-Que Deus me perdoe, Mãe. Eu me perdi de mim mesmo nessa Zona Morta. Mas, acredito fielmente que, sim, alguém há de nos esperar no céu, alguém há de me esperar no CÉU.

Eu estarei nos braços de um anjo?

-0-


Silas Corrêa Leite – Texto da Série “Pensagens em Trânsito Neural”
Estância Boemia de Itararé-São Paulo-Brasil
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

EGITO






E G I T O
O Ser de Si nas Tantas Vidas

Eu gostaria muito de conhecer o Egito
Que só conheço de livros e contações
Mas gostaria de, de alguma maneira voltar pra lá
Pois com certeza também já fui outra vida no Egito

Que espécie de vida eu teria tido no Egito
Muito além de Atlântida, Babel, Itararé?
Talvez um escravo ou mesmo uma sacerdotiza
Com meu harém de camelos em rituais sagrados

Vendo as crianças correndo na areia
Sou eu aquela tez avelã com espírito
Um guri levando e trazendo sândalos e ervas
Sonhando um outro novo céu e uma nova terra

Agora afrotupi-brasilis e longe do Egito
Sinto saudades do que não sei que fui
Mas gostaria de voltar a rever o Egito, talvez
Se não nesta vida, numa outra dimensão futural

As pedras, as pirâmides, as tâmaras sagradas
De um Egito ainda estão nos meus arquivos
Neurais; que transformo em poemas, revisitanças
Quando escrevo um Nilo na minha alma nau viajosa
-0-
Silas Correa Leite, de Itararé, Cidade Poema, São Paulo, Brasil
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Livros: Campo de Trigo Com Corvos, Contos
E Porta-Lapsos, Poemas, à venda no site:
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Jesus Mora Comigo em Minha Aldeia





JESUS MORA COMIGO EM MINHA ALDEIA (Poema)

Tanto falam Dele, dizem que O adoramMentem tanto pra Ele - Já mataram muito em falso nome DeleImitam-No de forma errada e rasaE até, acreditem meus irmãos queridosCriaram lojas, supermercados, muros, museus, rituaisE mentiras de fanatismos e idolatrias em nome Dele.

Dizem que Ele está no céu a direita do Criador-PaiDizem que Ele está pendido por cravos numa cruz milenarMas Ele está mais perto de nós do que pensamosE o céu pode ser o que criamos com nossas ações de caridadesCom nossas energias, ninhais e encantáriosNossos atos, mãos estendidas como lírios laranjaAmando o próximo como se a nós mesmos.

Só que eu descobri um milagre infinitalEle não está em nenhum baú de ossos ou com relíquias fantasmasNem é ícone derrotado por pregos pagõesSequer fundou religião - ou inquisições medievais com vãs filosofias de TorquemadasConfesso de cara lavada: descobri um segredo mágico Dele:Ele Está No Meio de NósEle está exatamente aqui em nossa abençoadaESTÂNCIA BOÊMIA DE ITARARÉ.

Jesus mora comigo em minha aldeia amadaTem várias cores, várias faces e muitos símbolos vivenciaisÀs vezes é de um lilás vítreo, tez de quartzo ou arco-írisE O chamamos de irmão, pai, filho, amigo, compadreOu de tio, camarada, companheiro, anjo-da-guardaQuando não O chamamos de Aurora, de Losango cor-de-abóboraOu de Prelúdio, Ternura, Magnitude, Espiritual, UltrapássaroE, principalmente Ele é mesmo, sem tirar nem pôrPobre, humilde, operário, simples, carente, bóia-friaQuando não sem terra, sem teto e muito peregrinoE eu reconheço esse Jesus Cristo na minha gente humildePois me pareço com ele, porque sou de mãe mameluca e pai judeu da Ilha da MadeiraE sou muito triste, sensível, sentidor, sozinho...

Jesus anda pelo cacau quebrado (paralelepípedos) da nossa Rua São PedroTem asas invisíveis no calcanhar e alpargatas de recolhedor de centeioPendura-se em asas invisíveis de pré-aurorais andorinhas bentasChupa picolé de limão-rosa fiado no Bar do PretoToma refrigerante Tubaína Tutti-Frutti na Praça Coronel JordãoE de vez em quando vai saracotear num baile no Clube Atlético FronteiraSerrar um abraço da Rosana Milcores (ou um sorriso xadrez do Mário da Banda Marionetes)Ou nadar saradinho como mandioca nas espumas do rio da vacaE até já foi no Biribas Blues Bar ouvir causos hilários do Zé Maria do PontoQuando não faz poesia escondido ou chora com seus lábios quadradosPor causa dos lazarentos marginalizados pelos podres poderes de anacrônicos neoliberais do demo.

Pois é isso, meus adoráveis irmãos conterrâneos alumbradosJesus mora conosco aqui mesmo em Itararé, Cidade PoemaFreqüenta todas as igrejas de abraços limpos como nuvensCoça berebas de vaidades sociais com peculatos neoescravistasSofre com poses, grifes, butins de riquezas injustas e amorais lucros impunesAdora rueiras crianças ranhentas e velhos sábios com lastro ético-humanitário.

Dia desses eu O vi com o nosso pintor premiado Jorge ChueriE até pensei que nosso amigo artista plástico O tinha pintado(Com cor de orquídea impressionista - E Lhe dera cara caseira)Mas descobri que Jesus é fã do Jorge a quem deu sua tez avelãAssim como colhe caldas de lágrimas da Professora Lázara BandoniOu sinais de véus e sândalos da Tere Iluminada com sua asa terreal de luz lilásE sei que se o tratarmos muito carinhosamente e bem(Como às suas pequeninas e humildes criaturas também)

ELE FICARÁ CONOSCO PARA SEMPRE, AMÉM.

Silas Corrêa Leite - de Itararé-SP

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

PARA ONDE VÃO AS PESSOAS QUE AMAMOS





Para Onde Vão as Pessoas Que Amamos


Para as Professoras da EMEF
José de Alcântara Machado Filho
Natal 2008, Real Parque, Morumbi, São Paulo


Elas chegam com a primavera no olhar
Sorriem – colocam ternura em nossas vidas
Conquistam nosso coração
E um dia, mudança de estação
Assim como chegaram, partem
E levam nossa alma.

Para onde vão as pessoas que nos conquistam?
Elas chegam com luz na alma e iluminam o nosso entorno
Marcam nossa esperança de sonhos revisitados
E um dia, assim como chegaram de mansinho
Preparam outros vôos, e se vão
A porta aberta para a iluminação.

Para onde vão as pessoas que nos fizeram amá-las?
Chegam doces, marcam com afeto, partem com o vento
E ficamos perdidos entre uma dimensão além da saudade
Pois a ausência não grita, produz tristeza
E então inventariamos cenários
Como um desjardim, no íntimo.

Talvez nunca mais nos vejamos
Talvez nunca mais nos reencontremos nessa vida
Talvez tudo seja uma bruma como fechamento de ciclo
Muito além de nossas identidades em comum
E nalgum ponto de fuga nos reconhecemos
Acreditando no amor, na amizade
Como uma plantação de campos de estrelas no espírito.

Talvez nunca mais seja a mesma coisa
Talvez nunca mais sejamos os mesmos
O que não cabe em nós, pois todo porto de partida
Leva também algum abrigo de nossas memórias
Assim como não sabemos para onde vão os astros
Quando o sentido de distanciamento é dentro da gente
Pois os nossos olhares irão com elas, de alguma maneira
E ficarão as lembranças dos doces momentos que passamos juntos.

Adeus, não chorem
Não choraremos; prometemos nunca esquecer vocês
Seja lá para onde forem
O que foram brilhantes aqui, de certo modo em outros lugares distantes de nós também brilharão
Outras bandeiras, outras conquistas, novos amigos
E então, de alguma maneira lá estaremos com vocês
Mas, por favor, nunca nos esqueçam
E quando descobrirem, dentro do coração
Quando tiverem a resposta, por favor, nos digam
Mesmo que seja com um sopro de menta na nossa encantação
Nos digam aqui, ou numa outra dimensão
Para onde vão as pessoas que amamos
Se junto com elas nossas vidas vão?

-0-

Professor Silas Correa Leite
EMEF José de Alcântara Machado Filho
Real Parque Morumbi, São Paulo
E-mail:
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