domingo, 19 de outubro de 2008

Identidade da Dor, Poema em Espanhol, Tradução Everardo Torres Glez




IDENTIDAD DEL DOLOR

(Poema para el Centenario de la Inmigración Japonesa)


Hiroshima aún está allá

Como un espejo

Una bomba no mata una ciudad

Una identidad del pueblo

Una idea espacio


Nagasaki aún está allá

Y refleja a Hiroshima

No por la radiación más

Por lo que ambas fueron y serán

Los restos de Hiroshima

Aún son Hiroshima

Como los escombros de Nagasaki

Tienen una identidad silente

Nadie mata a Hiroshima o a Nagasaki

Nadie puede matar la vida

O una identidad histórica y espacial de vida

La bomba no mata el dolor

De lo que dejó la guerra

Y ese dolor que dolerá infinitamente

Será Hiroshima

Será Nagasaki

Porque la paz acredita al dolor

Perpetrado en una lágrima

Como diseño en la nostalgia

Que la luz lee en la sangre

En las flores del cerezo


Como haicais, en el átomo.


-0-


Poemas de Silas Correa Leite, Itararé, São Paulo, Brasil




Tradução: Everardo Torres Glez, Duranguito, México

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

VISTA A MINHA PELE, POEMA





Poema Para 20 de Novembro

Vista a Minha Pele

Dia da Consciência Negra
Dia da consciência branca
Dia da consciência pesada

Silas Corrêa Leite

Vista a minha pele

Você conseguiria?

Seja negro só por um dia

Seja preto por mim

Somando todas as minhas cores assim

Vista a minha pele

Sinta a minha cor

Seja você quem for

Capture a minha dor

Lá dentro de mim

E procure me compreender melhor assim

Vista a minha pele

Eu sou igual a você

Ser humano porque

Corpo, Mente, Coração

Então, por que racismo e discriminação?

Vista a minha pele

Sou vermelho por dentro

E negro sempre cem por cento

Afrodescendente

Além de para sempre

Inteiramente ser humano e sobretudo gente

Vista a minha pele

Vista-se de mim

E procure me entender seu igual assim

Seu irmão da maravilhosa e cósmica raça

E então veja tudo o que dentro de mim se passa

Assim você confere

Assim você vai se sentir

Dentro da minha pele

Como eu quero ser árvore e florir

Como eu quero ser janela e me abrir

Como eu quero ser estrada e prosseguir

Que eu quero ser estrela e sorrir

Sem ninguém para me ferir

E você vai captar então

A pureza do essencial

O que eu quero é total libertação

E todos iguais na coloração

Numa democracia racial

Vista a minha pele

Seja um pouco eu mesmo por aí

Dentro de você - para você sentir

Sou preto brasileirinho

Sou negrão e sou negrinho

Sou negro do seu mesmo valor

E tenho a Mama-África no meu interior

Depois de me vestir e de se sair de si

Deixando de ser eu negão aí

Venha me estender a sua mão

E de coração para coração

Abrace-me como um seu completo irmão

Pois a nossa pele espiritual será uma só então

Numa sagrada celebração.


-0-

Silas Corrêa Leite, de Itararé-SP, Poeta, Educador, Coordenador de Pesquisas da FAPESP-USP-Culturas Juvenis – Autor de “Porta-Lapsos”, Poemas, e “Campo de Trigo Com Corvos” Contos, Editora DesignEMEF José Alcântara Machado Filho, Real Parque, AR-BT, São Paulo-SPEndereço eletrônico:
poesilas@terra.com.brSite: www.itarare.com.br/silas.htm
Texto da Série: Afrobrasilis – “Amalgamados - Dos Filhos Deste Solo”
(Silas Corrêa Leite, inédito)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Nunca Estarei Só





Nunca Estarei Só (Poema Querendo Ser Letra de Blues)

“Escrever é preciso
Viver não é preciso”


Apesar de às vezes me sentir numa caverna do cosmos
Com o peito entrevado por causa das amarguras da vida
Nunca estarei só pois minha alma ainda habita a poesia
E de lá trago celestidades que alimentam meu ser carente.

Quando eu quero respirar música na minha alma nau
(Tempos de solidão e de tristeza que não são desse mundo)
Então eu leio um poema ou escrevo uma letra para blues
E coloco para fora do espírito todas as teias de sofrimento.

É como compor um blues quando se pensa em se matar
Porque a arte é uma libertação, e escrever algum poema
Deixa o rastro de nossa existência com toda sensibilidade
Na tábua de carne da terra ainda precisando de muita luz.

Nunca estarei só pois os poemas me fazem companhia
Habito um espaço letral que me refrigera e me revigora

Meu reino não é desse mundo. Como um poeta lusonauta
Vou compondo a minha página de rosto na sobrevivência.

-0-

Silas Correa Leite, Itararé, Cidade Poema
E-mail:
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Poema da Série “Éramos Blues”

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A VIAGEM




A VIAGEM

Não adianta ser longa a Viagem
Ou muito distante o último horizonte a ser atingido
Um dia sempre voltamos para nós mesmos
E descobrimos que estamos em casa
Onde tudo um dia começou.

Podemos morrer na tempestade em alto mar
No deserto atrás de uma borboleta de ouro
Mas quando desfalece o corpo o espírito se liberta
E achamo-nos novamente no mesmo lugar
Em que demos o primeiro choro, o primeiro passo.

Se você for céu, haverá céu nessa hora
S você for relâmpago, haverá muita chuva
O lugar de início será o mesmo lugar onde deixaremos de existir
Porque longe pode ser também um lugar dentro da gente.

Quando rompemos a placenta da barriga gestora
Fundamos ali um marco historial
O céu ou o inferno desenvolveremos a partir dali e de nós
E seremos depositados no mesmo lugar
Em que demos o primeiro passo na existência desse plano dimensional.

Na hora final todos os nossos momentos
Passarão com um filme rápido em nossa mente atiçada
E a nossa última lágrima de dor
Ou a nossa alegria de libertação
Então se fará ouvir como se o último passo fosse também o primeiro
Agora de resgate, ou do recomeço.

Seremos recolhidos para sermos pesados no espírito
A evolução, a conquista do mérito
Ou o aumento do débito terrestre
Depois seremos remarcados para o horror de termos que voltar
(Tudo de nosso, até o pleno aprendizado devido)
Ou libertos para sempre do inferno da terra onde o tempo é algoz.

A Viagem, portanto, é sempre dentro de nós.

-0-

Silas Correa Leite – E-mail:
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terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Poeta se Apresenta






“Ser poeta é a minha maneira de chorar escondido/ nessa existência estrangeira em que me tenho havido”.

“Fugi do colégio interno/ fugi do quartel inferno/ fugi da ditadura de gravata/ farda, togas e terno/ e assim poeta moderno/ me descobri/ Ser Humano sem pedigree.”

“Que o bom Deus me proteja/ mas não tem remédio/ prefiro morrer de poesia e cerveja/ mas não de tédio”.

“Fujo de casa/ para o trabalho/ Fujo do trabalho/ para a escola./ Fujo da escola/ para a poesia./ Na poesia sou/ íntima fuga./Ponto de liga/ alma sem ruga. / A casa, a escola, o trabalho/ que fuga me sou? Se sempre me levo comigo/ para onde me vou?/.

“Quando quero estar um pouco a sós comigo /esqueço, desligo/ e tomo uma cerveja gelada…”

“ Nunca amei ninguém/ que fosse parecido comigo/ até porque persigo paz./ e não esconderijos./ nunca amei ninguém/ com medo de ser oásis.”.

“ A luz que me desce agora,/ é luz dentro que não se vê fora./ Fora a sombra cresce, agride, cora,/ enquanto a luz de dentro impera e mora”.

“A carrocinha do padeiro/ tem um buraquinho bem no meio/ e vai semeando andorinhas/ atrás do farelo de pão”

“Minha mãe fritava polenta/ e convidava a aurora para o banquete.”

“A cebola nossa de cada dia/ nos daí hoje/ para que choremos cotidiana poesia/ (nos ninhais de selvagem alquimia)/que sempre nos foge.”

“Sempre fui muito sozinho/ abandonaram-me quando nasci./ Minha pobre mãe deixou/ que eu existisse. / Hoje acostumei-me a ser sozinho/ abandonei-me em mim./ Acho que eu mesmo fui minha mãe./ não sei nunca mais deixar de ser sozinho assim./ Fiquei refém de eterno abandono./ - Mãe, tende piedade de mim!”

“Eu sou assim./ Uma noite mascarada de dia./ E de noite um córrego borboleteando Poesia./Tomo essência das coisas como elas são./ E, relendo-as, completo-me em suprema inteiração.”

“A mosca encontrou um garçom/ cheirando a detefom/ dentro da sopa”.

“O telefone toca/ e eu fico ligado/ preocupado/ assustado. / Em casa não tem telefone/ E eu sou só um número errado”

“ Estive em Itararé/ e não me lembrei de ninguém./ Porque quem não está em Itararé/ está sem.”
“ Deixei meu coração em Itararé/ na periferia cor-de-rosa da Vila São Vicente/ / Ali sob um flamboyant florido/ Ainda pulso, viço e glorifico a vida/ / Deixei meu coração em Itararé/ À beira do rio verde entre pinheirais/ /A criança triste que eu tenho sido/ É essa distância de cavaleiro boêmio./ /Deixei meu coração em Itararé/ Sob a lua caipira da Praça Coronel Jordão./ Deus sabe o quanto tenho sofrido, / procurando uma estrela nova no céu./ Deixei meu coração em Itararé/ e corro atrás de uma estrada que não existe./ Talvez por isso eu seja um poeta triste, buscando a criança que me perdi de ser./”


Os versos foram extraídos de Porta-Lapsos, livro do amigo poeta Silas Corrêa Leite.


Maria Apparecida S.Coquemala (Maria-13@uol.com.br) - Itararé-SP

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ordem e Progresso, Poema




Ordem e Progresso


Quantos meninos de rua
Herdeiros do futuro
Artistas desperdiçados
Se perdem em becos e guetos
Em cachimbos de crack?

Quantos Lulas, Romários
Herdeiros do futuro
Com cicatrizes-tatuagens
Como cincerros narcísicos
Se perdem em antros de drogas?

Quantos filhos das ruas
(Ainda lhes restam as ruas)
Sobrevivem com fome e medo
Nas bocas de fumo em busca
Da pátria amada salve salve?

Quantos órfãos do Plano Real
Na periferia sociedade anônima
Procuram um outro destino
Além da bala pedida
Entre contrastes sociais?

Quantos filhos deste solo
Mestiços, índios, abrobrasilis
Cardumes de raças
Em cachimbos de crack
Sonham outra ordem social?

................................................

Carentes amalgamados
A sobrevivência deforma
O neoliberalismo cria monstros
A dor que balança o berço
Pátria Amada Brasil?

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Silas Correa Leite, E-mail:
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Estrela Amarela




ESTRELA AMARELA


Estamos na temporada de chuvas
Ainda que seja primavera, na centelha
De tristes relembranças curtidas
Em sal e vinagre de maçã vermelha

No entanto, Jesus Maria José
Já sinto o cheiro de dezembro
Com suas belas luzes coloridas
E cheiro da infância, de Itararé

Estou em estado de música
Elétrico - como uma página de relâmpago
O coração com paletas coloridas
E a alma reviçando muito além
das lágrimas de um recente inquerer

Passei tempo de exílio, ainda lembro
O carvão da tristeza, no sofrer
O Natal chegará iluminando duras lidas
No presépio amargurado do meu ser

Espero que a vida devolva sem seqüela
O historial íntimo do meu lado sentidor
Assim, no novo mês de dezembro
Muito além de ressentimentos e feridas
No Natal - como uma estrela amarela
Estarei finalmente enfeitado de Amor!

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Silas Correa Leite, Itararé-SP, Brasil
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