quinta-feira, 16 de outubro de 2008

VISTA A MINHA PELE, POEMA





Poema Para 20 de Novembro

Vista a Minha Pele

Dia da Consciência Negra
Dia da consciência branca
Dia da consciência pesada

Silas Corrêa Leite

Vista a minha pele

Você conseguiria?

Seja negro só por um dia

Seja preto por mim

Somando todas as minhas cores assim

Vista a minha pele

Sinta a minha cor

Seja você quem for

Capture a minha dor

Lá dentro de mim

E procure me compreender melhor assim

Vista a minha pele

Eu sou igual a você

Ser humano porque

Corpo, Mente, Coração

Então, por que racismo e discriminação?

Vista a minha pele

Sou vermelho por dentro

E negro sempre cem por cento

Afrodescendente

Além de para sempre

Inteiramente ser humano e sobretudo gente

Vista a minha pele

Vista-se de mim

E procure me entender seu igual assim

Seu irmão da maravilhosa e cósmica raça

E então veja tudo o que dentro de mim se passa

Assim você confere

Assim você vai se sentir

Dentro da minha pele

Como eu quero ser árvore e florir

Como eu quero ser janela e me abrir

Como eu quero ser estrada e prosseguir

Que eu quero ser estrela e sorrir

Sem ninguém para me ferir

E você vai captar então

A pureza do essencial

O que eu quero é total libertação

E todos iguais na coloração

Numa democracia racial

Vista a minha pele

Seja um pouco eu mesmo por aí

Dentro de você - para você sentir

Sou preto brasileirinho

Sou negrão e sou negrinho

Sou negro do seu mesmo valor

E tenho a Mama-África no meu interior

Depois de me vestir e de se sair de si

Deixando de ser eu negão aí

Venha me estender a sua mão

E de coração para coração

Abrace-me como um seu completo irmão

Pois a nossa pele espiritual será uma só então

Numa sagrada celebração.


-0-

Silas Corrêa Leite, de Itararé-SP, Poeta, Educador, Coordenador de Pesquisas da FAPESP-USP-Culturas Juvenis – Autor de “Porta-Lapsos”, Poemas, e “Campo de Trigo Com Corvos” Contos, Editora DesignEMEF José Alcântara Machado Filho, Real Parque, AR-BT, São Paulo-SPEndereço eletrônico:
poesilas@terra.com.brSite: www.itarare.com.br/silas.htm
Texto da Série: Afrobrasilis – “Amalgamados - Dos Filhos Deste Solo”
(Silas Corrêa Leite, inédito)

Um comentário:

Maria Rita disse...

Esta é uma das poesias mais lindas que li sobre este assunto... Linda e de uma imensa sensibilidade

Parabéns Silas...